O primeiro congresso ibérico do milho irá debater em Lisboa os desafios do setor em Portugal e Espanha, incluindo o clima, utilização de recursos e introdução da tecnologia.
Em declarações à Lusa, o presidente da Anpromis (Associação dos Produtores de Milho e Sorgo de Portugal), José Luís Lopes, deu conta das preocupações dos produtores, que se irão reunir aos seus congéneres espanhóis da Agpme (Associação Geral dos Produtores de Milho de Espanha) durante dois dias, a partir de quarta-feira.
“Há problemas que têm a ver com a política agrícola comum, relacionados com o setor do milho e que são comuns aos dois países. E depois há outros problemas de competitividade e mercado que há toda a vantagem numa aproximação e sinergias entre as duas congéneres”, salientou o dirigente.
O congresso, que contará com 650 participantes, irá ainda debater a modernização, através da agricultura de precisão, com recurso a novas tecnologias que podem ajudar na redução de custos e aumento da produtividade.
Além disso, uma parte destas técnicas “são amigas do ambiente, porque fazem uma racionalização dos fatores de produção e, portanto, ao utilizarmos os fatores de produção nas quantidades mínimas, estamos a fazer duas coisas: poupar dinheiro e ser amigos do ambiente porque usamos de forma mais racional” os recursos naturais, referiu.
José Luís Lopes alertou ainda para as consequências das alterações climáticas, sobretudo a seca.
“O milho é uma cultura de regadio que em Portugal tem que ser regada. Semeia-se por volta de março/abril e colhe-se em setembro/outubro/novembro, altura em que há pouca chuva”, explicou.
Mas, o setor tem ao seu dispor, no âmbito da agricultura de precisão, “uma série de técnicas que podem ser usadas para diminuir o consumo de energia e o desperdício de água”, garantiu José Luís Lopes.
O uso de água de rios geridos pelos dois países, como o Tejo e Guadiana, também será um tópico de debate.
O setor do milho foi atingindo pela tempestade Leslie, que causou estragos na zona do Mondego. O presidente da Anpromis salientou que, por causa disso, houve “quebras de produtividade acentuadas”.
Em Portugal, há 67.500 agricultores que praticam a cultura do milho, gerando 930.000 toneladas de produção média anual em 115.667 hectares (39% da área total cereais, em 2018).
Portugal produz o suficiente para fazer face 35% das necessidades nacionais. O resto é importado, de acordo com dados da associação.
O primeiro congresso ibérico do milho é simultaneamente o XII congresso nacional do milho.
Fonte: Sapo.pt