A maior organização agropecuária do México alertou que fornecer água aos Estados Unidos para evitar tarifas, como propôs o Presidente norte-americano, Donald Trump, provocará “fome” e graves prejuízos económicos em seis estados fronteiriços do país.
“Se entregar a água, estará a colocar em risco a água para consumo humano e, obviamente, a água para produzir [no campo mexicano]”, afirmou esta quinta-feira, o presidente do Conselho Nacional Agropecuário (CNA), Jorge Esteve Recolons, citado pela EFE.
O líder do principal organismo que representa o setor agroalimentar do país sustentou que a medida afetaria comunidades e produtores de Tamaulipas, Nuevo León, Coahuila, Chihuahua, Sonora e Baja California, que dependem dos recursos hídricos tanto para o abastecimento básico como para atividades agrícolas.
De acordo com Esteve, pagar pela água aos Estados Unidos geraria um problema sério para a região fronteiriça, onde milhões de pessoas e centenas de milhares de hectares de cultivo dependem dos sistemas de irrigação.
“Sem dúvida [a medida exigida pelos EUA] geraria muita fome e muitos danos na zona. Geraria uma migração para os Estados Unidos que ninguém poderia parar”, afirmou.
A advertência do CNA ocorre após Trump anunciar no passado dia 08 a imposição de uma tarifa de 5% ao México por alegado incumprimento na entrega de água, estabelecida no Tratado de Águas de 1944, numa resposta da Casa Branca a um suposto descontentamento entre os agricultores do Texas.
“Os Estados Unidos precisam que o México liberte 200.000 pés-hectares [cerca de 246,5 mil milhões de litros] de água antes de 31 de dezembro e o restante deverá ser pago posteriormente”, disse Trump ao justificar a sanção comercial.
“É muito injusto para os agricultores dos Estados Unidos, que merecem a água tão necessária”, acrescentou.
Produtores do Texas, Novo México, Arizona e Califórnia solicitaram que o pagamento da água seja incluído como prioridade na revisão do Tratado México-Estados Unidos-Canadá (T-MEC), considerando que a falta de entregas mexicanas de água reduziu as suas colheitas.
O presidente da CNA também sublinhou que a medida tarifária impulsionada por Trump para produtos agrícolas não afeta apenas o México, como no caso do tomate ou do abacate, entre outros produtos agrícolas mexicanos.
“O principal afetado seria o consumidor norte-americano”, afirmou, pois uma tarifa sobre as exportações mexicanas aumentaria os custos dos alimentos e outros bens, num contexto em que os preços já estão em alta nos Estados Unidos.
“Diariamente, os preços dos alimentos e outros bens e serviços estão a subir, o que a medida anunciada por Donald Trump geraria mais problemas com os preços”, sustentou.
Esteve classificou a exigência do Presidente norte-americano como “impossível”, dada a pressão hídrica que vivem as regiões produtoras do México.
Além disso, o responsável pediu que se assumissem responsabilidades internas: “É preciso fazer análises e pesquisas para corrigir o problema existente”, solicitou.
O líder agropecuário insistiu que qualquer decisão sobre o cumprimento das normas hídricas deve considerar, em primeiro lugar, a segurança alimentar e o direito humano à água nas comunidades mexicanas.













































