A continuação da situação de seca e das temperaturas que se têm registado poderá vir a afetar a produção de maçã de montanha, da Beira Alta e Bravo de Esmolfe, disseram hoje à agência Lusa representantes de fruticultores.
“A seca ainda não trouxe prejuízos que sejam consideráveis, mas já começa a levantar algumas preocupações”, admitiu o presidente da Associação de Fruticultores de Armamar, José Osório.
No seu entender, “se não chover até março, abril, a floração poderá ser afetada” nos extensos pomares de macieiras deste concelho do norte do distrito de Viseu.
Segundo José Osório, “a barragem de Temilobos não está a encher, pelo contrário, está a esvaziar, e os níveis freáticos começam a ser preocupantes”.
A Barragem de Temilobos (situada em Armamar) é usada para regadio das áreas agrícolas de pomares de macieiras e de outras árvores de fruto.
Conhecido como a Capital da Maçã de Montanha, o concelho de Armamar é um dos maiores produtores nacionais deste fruto, que representa uma importante fonte de rendimento da população.
A Associação de Fruticultores de Armamar tem mais de 200 associados, que produzem cerca de 80 mil toneladas de maçã num ano normal.
O presidente da Felba, que gere e promove a Denominação de Origem Protegida (DOP) Maçã Bravo de Esmolfe e a Indicação Geográfica Protegida (IGP) Maçã da Beira Alta, está preocupado com as temperaturas que se têm registado e que poderão antecipar a rebentação das macieiras.
Belarmino Alves referiu à Lusa que “a seca ainda não está a afetar praticamente nada, porque não há necessidade de regar” as macieiras, “mas, com este calor, as culturas podem evoluir mais rápido, o que pode vir a afetar a maçã em termos de produção”.
“Se isto continua assim, vai tudo rebentar muito mais cedo e depois vem outra vez o gelo que dá cabo de tudo”, alertou.
O responsável explicou que “fevereiro e março é de repouso vegetativo” e, portanto, “em termos da evolução das rebentações, tudo o que for antes de abril é mau”.
“A falta de água ainda não está a afetar, porque o ciclo vegetativo está parado”, mas se continuar em abril já poderá provocar problemas à fruticultura, acrescentou.