A Reserva Natural do Paul do Boquilobo passa a ser gerida pelos municípios de Torres Novas e da Golegã e por um conjunto de entidades, segundo um protocolo assinado hoje e que prevê igualmente financiamento do Fundo Ambiental.
O protocolo de cogestão da Reserva Natural do Paul de Boquilobo, assinado hoje de manhã na presença do secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino, transfere competências da administração central e tem previstas contrapartidas financeiras, a partir do Fundo Ambiental, num acordo que envolve o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a organização não-governamental ONGATejo.
O protocolo permite criar na Reserva Natural, até aqui gerida pelo ICNF, o mesmo modelo de gestão que já vigora na Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo, esta sob a chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Mário Antunes, da ONGATejo, organização que preside ao órgão de cogestão da Reserva da Biosfera, disse à Lusa que o envolvimento dos mesmos atores nas duas estruturas permitirá uma melhor articulação no objetivo comum que é a conservação e valorização de um espaço “riquíssimo e reconhecido a nível nacional e internacional”.
O protocolo técnico assinado entre a ONGATejo, o ICNF e o Fundo Ambiental prevê, numa primeira fase, a dinamização do novo modelo de cogestão, com envolvimento dos atores locais, a promoção da gestão participativa, bem como o levantamento, planeamento e sensibilização da população e de agentes locais para o potencial da reserva, disse.
Pedro Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, disse à Lusa que este protocolo prevê um financiamento de 100.000 euros para a ONGATejo contratar um técnico por três anos para a realização dos trabalhos previstos.
Segundo o autarca, o órgão de cogestão integra os municípios da Golegã e de Torres Novas (distrito de Santarém), a Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte (ADIRN), o Instituto Politécnico de Tomar, o ICNF, a ONGATejo, a associação torrejana Trinta por Uma Linha e uma outra a indicar.
A comissão de cogestão conta com o apoio de um Conselho Estratégico, com mais de duas dezenas de entidades, que se pronunciará sobre projetos que surjam para a área protegida, de forma a que seja possível conciliar a proteção da natureza e da biodiversidade, “interesse principal da reserva e obrigação moral”, com dinâmicas de sustentabilidade local, com pequenos negócios em torno de produtos locais ou de turismo, afirmou.
Para Mário Antunes, o protocolo hoje assinado é “o início de uma nova etapa” na valorização e articulação deste espaço com o território envolvente.
Situada nos concelhos de Torres Novas e da Golegã, a reserva do Boquilobo abrange uma área de 5.896 hectares e uma população de 8.450 habitantes.