A associação ambientalista Quercus exigiu hoje que sejam apuradas responsabilidades sobre o abate de quase duas mil azinheiras e podas mal executadas a mais de mil árvores da mesma espécie, numa quinta em Monforte (Portalegre).
“A Quercus exige que sejam apuradas responsabilidades sobre a poda e corte ilegal de azinheiras”, pode ler-se no comunicado enviado hoje à agência Lusa pela associação ambientalista.
No documento, a Quercus alerta que “fica proibida a alteração do uso do solo durante 25 anos, o estabelecimento de quaisquer novas atividades, designadamente agrícolas, industriais ou turísticas, conforme legislação aplicável”.
A associação diz ter tido conhecimento “de um grande corte ilegal de azinheiras também associado à poda severa, totalizando cerca de 3.000 exemplares numa área de montado de azinho, na Quinta de São Sebastião, no concelho de Monforte”, no distrito de Portalegre.
Para os ambientalistas, “o corte ilegal de pelo menos 1.939 azinheiras em bom estado vegetativo” e as “podas de troncos de grandes dimensões em 1.058 exemplares, o que foi “efetuado num povoamento de azinheiras protegido, na Quinta de São Sebastião, em Monforte, constitui “mais um exemplo de ameaça” aos montados de azinho.
A Quercus acrescenta que já solicitou ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR a fiscalização “com regularidade” daquela zona, com o objetivo de “impedir a continuação” do corte de azinheiras, assim como das podas abusivas.
E solicitou esclarecimentos “sobre o local e motivos destas ações”, as quais “vão degradar o estado sanitário do montado, entre as ZPE – Zonas de Proteção Especial para as aves selvagens de Veiros (Estremoz) e de Monforte”.
“Esperamos que seja efetuado o levantamento cartográfico deste corte ilegal e que o SEPNA da GNR e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) acompanhem esta ação”, para que sejam “evitados mais danos sobre este montado de azinho tão relevante para a conservação da natureza e biodiversidade”, defende a associação.
Os ambientalistas realçam ainda que “tem existido alguns abusos em podas de azinheiras e sobreiros, quando o trabalho é efetuado à troca da lenha”.
Estas situações “frequentemente provocam corte de troncos de grandes dimensões a favor do prestador de serviços agroflorestais interessado no negócio de lenha”, mas “prejudicam a prazo, o estado sanitário do montado e, portanto, a sua longevidade”, denuncia a Quercus.
A GNR revelou, na passada sexta-feira, ter detetado, dois dias antes, esta situação de “corte rente e poda mal executada de cerca de 3.000 azinheiras, no concelho de Monforte”, e anunciou ter remetido os factos para tribunal.
“No decorrer das diligências policiais, foi solicitada a colaboração do ICNF para avaliar o impacto no ecossistema e a destruição do estado vegetativo das árvores, tendo sido elaborado um auto de contraordenação por falta de autorização do corte de azinheiras adultas e de poda mal executada”, revelou, então a GNR.
A Lusa contactou hoje o proprietário da Quinta de São Sebastião para reagir a este caso, mas o mesmo remeteu eventuais esclarecimentos para daqui a mais alguns dias.
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Autarca de Monforte lamenta corte e poda ilegal de quase 3.000 azinheiras