A Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas (MARP), analisa com “preocupação a situação actual e, em particular, os impactos na vida das mulheres agricultoras e rurais”. E, no âmbito da celebração do Dia Internacional da Mulher (8 de Março), defende “a valorização de mercados e feiras (…) alicerces da Agricultura Familiar” e um regime de Segurança Social “adaptado à realidade das mulheres agricultoras e rurais que nos faça sair de situação de vida profundamente precária”.
Em comunicado, aquelas agricultoras reafirmam “o direito a produzir e a uma alimentação de qualidade, que exige a valorização dos preços à produção e as oportunidades de escoamento da produção como a valorização de mercados e feiras, locais privilegiados da venda de produtos agrícolas e factores de produção, alicerces da Agricultura Familiar e actividades asseguradas muitas vezes pelas mulheres”.
Segurança Social
Para além disso, salientam que “o trabalho das mulheres (no campo, em casa e na vida) é muitas vezes invisibilizado e por isso muito precarizado, com enormes impactos na garantia de uma vida digna. Por exemplo no acesso à reforma, já que os descontos para a Segurança Social são muitas vezes relegados para segundo plano (por dificuldades financeiras)”.
Assim, dizem que “importa a criação de um regime de Segurança Social adaptado à realidade das mulheres agricultoras e rurais que nos faça sair de situação de vida profundamente precária”.
Viver no Mundo Rural
Acrescenta o mesmo comunicado daquela associada da CNA – Confederação Nacional da Agricultura que, para continuar a produzir e a viver no Mundo Rural “é preciso garantir condições de acesso aos serviços públicos que têm de ser garantidos a todas e todos”, reforçando que “neste momento singular da nossa história colectiva, não podemos mais admitir que encerrem os serviços de saúde e que continuem a faltar médicos, nem que a aposta numa “escola à distância” venha agravar as desigualdades (falta de infra-estruturas de comunicação) e do agravar da jornada de trabalho pela multiplicidade de tarefas exigida, muito particularmente às mulheres – sim, o trabalho no campo não pode ser adiado, e que resulte como factor diferenciador no desenvolvimento das nossas crianças. A escola é local de igualdade e inclusão”.
No próximo dia 8 de Março, celebram-se os 111 anos do Dia Internacional da Mulher, dia histórico e símbolo da luta emancipadora das mulheres instituído em 1910 por proposta de Clara Zetkin, registando-se grandes manifestações em vários países para exigir direitos políticos, melhores salários e condições de vida.
A MARP estará presente e apoia as celebrações do Dia Internacional da Mulher – 7 de Março (Porto) e 13 de Março (Lisboa) – sob o lema “Não há desculpa para retrocessos – viver direitos, vencer violências”.
O artigo foi publicado originalmente em Agricultura e Mar.