Um quintal particular em Mazarefes, Viana do Castelo, está “invadido” pela vegetação de um terreno público por limpar há 12 anos, quando foi construída uma passagem superior à Linha do Minho, disse à Lusa o filho da proprietária.
“Isto foi construído em 2009 e, de 2009 até hoje, este talude nunca foi limpo, nem uma única vez. O terreno tem cerca de 200 metros e a vegetação atinge seis, sete, oito metros de altura. Um posto de iluminação pública está quase consumido pela vegetação”, descreveu Carlos Silva, comercial de 47 anos.
No local, em declarações à agência Lusa, o morador adiantou que, além do quintal da residência da mãe, situada a 20 metros do “matagal”, o terreno de que é proprietário e que se encontra junto à sua habitação também é invadido pela vegetação que cresce há 12 anos.
“No ano passado apareceu uma cobra dentro meu quintal, de certeza por causa da falta de limpeza. No verão preocupa-me muito mais. Basta um simples fósforo para chegar a proporções que, esperemos bem que não sejam graves”, explicou Carlos Silva.
O homem adiantou andar “sempre preocupado em fazer a limpeza porque não há quem o faça”.
Carlos Silva diz que, em julho de 2020, enviou cartas registadas com aviso de receção para a Infraestruturas de Portugal (IP) e para a Câmara Municipal de Viana do Castelo.
“A IP, há cerca de três semanas, respondeu-me a dizer que estava a tentar resolver o assunto e há uma semana fizeram a limpeza do terreno deles, que é do lado oposto. Questionei a IP e explicaram-me que o terreno restante pertence ao município. É da responsabilidade da Câmara. Nós limpamos o que é nosso. Foi o que me responderam”, explicou Carlos Silva.
O munícipe adiantou que, na Câmara de Viana do Castelo, o processo não tem conhecido desenvolvimentos.
“Dirigi-me ao gabinete de ambiente da Câmara e a funcionária disse-me que estavam a tentar saber de quem era a responsabilidade da limpeza. O grande problema é que a própria Câmara não sabe de quem é o terreno. É caricato porque se eles não sabem, eu como simples cidadão terei mais dificuldades em saber”, afirmou.
Carlos Silva disse sentir-se muito indignado e até “já interpelou várias vezes” o presidente da União de Freguesias de Mazarefes e Vila Fria, mas também sem sucesso.
“Vem com o argumento de que é um assunto da Câmara”, observou.
Hoje, em resposta por escrito a um pedido de esclarecimento enviado pela Lusa, o vereador do Ambiente, Ricardo Carvalhido, apontou para a primavera a limpeza daquela parcela de terreno.
O responsável explicou que “o terreno em apreço é um dos taludes formado entre o viaduto da Rua do Passal, sobre a linha de caminho de ferro e esta infraestrutura”.
“Decorrente dos procedimentos de expropriação para execução de obra pública, é comum resultarem terrenos sobrantes que são normalmente pequenas faixas que acabam por não ser utilizadas na construção e acabam por ficar sem afetação”, informou.
De acordo com o vereador, “a IP procedeu à limpeza de uma faixa considerada de proteção à linha de caminho de ferro, sendo que a Câmara Municipal assumirá a intervenção na restante área”.
“Decorrente dessa assunção, a área irá ser intervencionada na habitual limpeza de passeios, bermas e taludes que se processa pela primavera”, explicou.