Nos sete anos anteriores ao incêndio de 2017, o ICNF ganhou 8,3 milhões de euros na venda de material lenhoso e resina do Pinhal de Leiria. No mesmo período, os serviços externos custaram 214 mil euros.
Na Marinha Grande, um habitante do concelho é o autor de uma queixa-crime, por administração danosa, contra os responsáveis pela gestão do Pinhal de Leiria. Nos sete anos anteriores ao incêndio de 2017, o Estado recebeu 40 vezes mais do que gastou naquela que era considerada a joia da coroa das matas nacionais.
Entre 2010 e 2016, o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas ganhou 8,3 milhões de euros na venda de material lenhoso e resina do Pinhal de Leiria. No mesmo período, os serviços externos custaram 214 mil euros (ou seja, os investimentos contratados a terceiros, além das ações desenvolvidas com recursos humanos e equipamentos próprios).
Alexandre Franco, que é o autor da queixa-crime, diz que a falta de manutenção e limpeza criou um barril de pólvora que explodiu no dia 15 de outubro de 2017.
Os dados de receitas e investimentos que obteve do ICNF, depois de recorrer à Provedora de Justiça, constam da queixa que apresentou contra os responsáveis pela gestão do Pinhal de Leiria.
“Há aqui uma conduta que merece ser investigada criminalmente, porque alguém não fez o papel [para o qual] legalmente está incumbido. E as pessoas que ocupam cargos públicos, como, por exemplo, o conselho diretivo do ICNF, têm de ter consciência que os atos que praticam, e até muitas vezes os atos que não praticam, como é o caso, devem ser sancionados e devem ser sindicados”, afirma à TSF.
Omissão de auxílio, dano qualificado e ofensa à integridade física por negligência são outros crimes apontados na participação ao Ministério Público.
Em 2017, 2018 e 2019, os leilões de material lenhoso proveniente do incêndio no Pinhal de Leiria renderam quase 15 milhões de euros ao Estado.
Em 2017, as chamas atingiram 86% da Mata Nacional de Leiria e destruíram casas e empresas.
Entre 2000 e 2009, o ICNF obteve, em média, 2 milhões de euros por ano ao colocar no mercado a madeira do Pinhal de Leiria.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.
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