“Além Risco” é a designação do projeto que pretende envolver as populações dos 14 municípios do Alentejo Central na plantação de 50 mil árvores nos aglomerados urbanos, para reforçar a sua adaptação face a ondas de calor.
A iniciativa é promovida pela empresa Science Retreats, de Miguel Bastos Araújo, professor e investigador da Universidade de Évora e galardoado em 2018 com o Prémio Pessoa, e pela Globalmoza – Partnerships for Humanity.
A apresentação e lançamento do projeto decorre este domingo, com ações em Évora e em Alandroal, e coincide com o Dia Mundial da Árvore e da Floresta.
Este evento, divulgou hoje o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, integra mesmo as comemorações oficiais da efeméride, com a presença do ministro João Pedro Matos Fernandes em Évora, às 10:00, nos Paços do Concelho, na cerimónia de apresentação do “Além Risco” e assinatura do contrato com a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC) para a sua execução.
A seguir, às 12:00, o ministro vai também marcar presença na em Alandroal, onde vai ter lugar uma receção na câmara e a plantação simbólica de árvores no jardim do mercado municipal, segundo o ministério.
Com um horizonte de implementação de dois anos, o “Além Risco” tem como objetivos, através da plantação das 50 mil árvores nos 14 municípios do distrito de Évora, integrados na CIMAC, “reduzir as ‘ilhas de calor’” e as “taxas de morbilidade e mortalidade”, de acordo com os promotores.
A sensibilização da população e a promoção de “uma reflexão conjunta para a construção de uma comunidade mais consciente e mais resiliente às alterações climáticas” são outros propósitos.
“Os modelos climáticos preveem o aumento da magnitude, frequência e duração de ondas de calor por todo o país, com particular incidência no Alentejo”, e esta exposição “pode conduzir à desidratação, agravamento de doenças crónicas, esgotamento, golpes de calor, inflamações respiratórias e problemas cardíacos”, alertou a Science Retreats.
O que afeta sobretudo grupos sociais mais fragilizados e pode “resultar em danos irreversíveis na saúde, “inclusivamente” havendo o risco de “provocar a morte”.
“Face a este cenário, torna-se urgente a adoção de medidas de caráter preventivo contra as ondas de calor”, defendeu a empresa de Miguel Bastos Araújo, biogeógrafo e especialista nos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade.
Os três eixos de atuação do projeto passam pela elaboração de um manual de boas práticas, com “diretrizes técnicas sobre como criar uma estrutura verde de caráter urbano” capaz de ser eficaz na “redução de temperaturas altas em períodos estivais”, pela realização de “uma extensa campanha de sensibilização e de construção de parcerias” para plantar as árvores “em todos os aglomerados urbanos da região” e, em terceiro lugar, no “desenvolvimento de laboratórios vivos onde se plantarão árvores” com as comunidades locais.
“Os principais indicadores de sucesso para o último eixo de intervenção consistirão no número de laboratórios vivos criados, bem como no número de árvores plantadas”, referiu a organização.
O projeto, além de envolver a CIMAC, é apoiado por diversas entidades, como as fundações Calouste Gulbenkian e Eugénio de Almeida, Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo, Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva ou Cooperativa Herdade Freixo do Meio.