Empenhado em lutar pelos orizicultores e pela produção de arroz no concelho, severamente ameaçada pela seca que se vive no país, o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença reuniu no passado dia 31 de janeiro com o ministro da Agricultura, Capoulas Santos. A acompanhar o presidente estiveram a Associação de Regantes, Associação de Agricultores de Alcácer, Aparroz e Soprasado.
Na sessão expôs-se a situação de seca e os riscos bem presentes de não se conseguir produzir arroz em 2018, sendo que o concelho de Alcácer representa 30 por cento da produção nacional. Recorde-se que os canteiros começam a encher no final de abril/ início de maio e a barragem de Vale do Gaio só dispõe de 12 por cento de água e a do Pego do Altar de 9 por cento. Na impossibilidade de produzir arroz, os solos da região, demasiado salinizados, inviabilizam a opção por culturas alternativas com mínimos aceitáveis ou qualquer rendimento. A não produção de arroz causaria ainda um prejuízo de 12 mil milhões de euros ao país (que teria de proceder à importação do mesmo), que se faria sentir particularmente na região, nomeadamente na manutenção dos postos de trabalho destas associações.
Uma das soluções a curto-prazo solicitada pela comitiva foi a redução do custo da importação da água de Alqueva, ao que o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, respondeu que não consegue, nem tem capacidade para o diminuir. O custo da água tem um peso de 15 por cento nos fatores de produção de arroz; trazer a mesma de Alqueva aumenta esta percentagem para 65, o que é incomportável. Face a isto, propôs-se que a água de Alqueva seja conduzida às barragens de Vale do Gaio e Pego do Altar, o que é tecnicamente possível. Abordou-se também a possibilidade de criação de mais duas barragens, que chegaram a estar projetadas e que permitiriam aproveitar água que não está a ser devidamente usufruída. Também a água do Sado se poderia aproveitar, convertendo-se em água doce, avançou a comitiva, salientando que teria de construir-se diques onde se separaria a água do seu sal.
No sentido mais imediato, o ministro comprometeu-se a explorar todos os mecanismos que o Estado prevê e permite em situações de seca severa e que não passam por decisões da União Europeia, ao que os agricultores pediram, para os apoiar nos prejuízos incalculáveis que vão ter, que sejam acionadas linhas de crédito bonificadas, que não estão a ser disponibilizadas aos produtores do vale do Sado.
O presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença, muito preocupado com a situação, informou que vai solicitar uma reunião ao ministro do Ambiente e que vai continuar a dedicar-se a tentar encontrar soluções a médio-prazo e também medidas que minimizem os prejuízos para estes produtores.