Projeto: Sabor do Sul – Pecoliva
O “Prémio Inovação – Dieta Mediterrânica” teve a sua primeira edição no ano passado, promovendo a importância da Dieta Mediterrânica e a inovação no setor agroalimentar, no contexto da Feira da Dieta Mediterrânica de Tavira.
A iniciativa foi promovida pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, I.P. (CCDR Algarve, I.P.) em conjunto com o Município de Tavira, enquanto comunidade representativa em Portugal da Dieta Mediterrânica – Património Cultural Imaterial da UNESCO, a Associação IN-LOCO, enquanto entidade que articula com os produtores representados na Feira da Dieta Mediterrânica, e a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, enquanto entidade que atribui os 3 prémios monetários.
O Prémio é público e tem como objetivo selecionar, divulgar e premiar projetos desenvolvidos na região do Algarve que tenham um carácter inovador, sendo atribuídos prémios aos que se destacarem na área agroalimentar alinhados com os princípios da Dieta Mediterrânica e cujos produtores/projetos/empresas estejam representados na Feira da Dieta Mediterrânica.
Na primeira edição foram premiados projetos criativos e inovadores, comprometidos com a sustentabilidade ambiental e social. Este ano, a organização decidiu revisitar os vencedores de 2024 para inspirar novos candidatos e mostrar exemplos de sucesso que contribuem para enriquecer e preservar os valores da Dieta Mediterrânica.
Foram colocadas questões aos premiados com o objetivo de compreender o que este Prémio representou para cada um deles e para a sua área de negócio.
Um dos projetos que se destacou foi o da Sabor do Sul – Pecoliva, que conquistou o 3.º Lugar com uma proposta inovadora focada no tratamento dos resíduos gerados durante a produção de azeite.
Este projeto não só demonstra como a inovação pode transformar os resíduos em recursos valiosos, mas também reforça a importância da sustentabilidade na cadeia de produção agroalimentar. A solução apresentada pela Sabor do Sul – Pecoliva é um excelente exemplo de como práticas sustentáveis podem ser integradas aos processos tradicionais, promovendo um impacto positivo tanto no ambiente quanto nas comunidades locais.
A história da Pecoliva começa em 1977, quando adquiriu o lagar de azeite que já existia desde os anos quarenta, em São Brás de Alportel. Fruto do muito trabalho e crescimento da empresa, em 2010 foi criada a marca “Sabor do Sul”, para a produção de azeite e aguardentes de figo e medronho.
A nova gerência da empresa, decidiu durante o ano de 2020, implementar uma inovação que acarretou um investimento elevado, com a “aquisição dos 2 tegões (reservatórios) para a captação e armazenamento provisório das lamas do lagar. Foi pioneira, a nível regional, neste investimento. Sem causar impacto no meio ambiente, os tegões representam uma melhoria significativa no processo de produção de azeite, eliminando a necessidade de paragens momentâneas.
Relativamente ao prémio, entendem-no, acima de tudo, como reconhecimento pelo esforço desenvolvido, mais do que pelo valor financeiro “pois uma empresa deste setor normalmente tem custos muito elevados ligados à sua atividade”.
Quando lhes perguntamos se investiram ou estão a pensar investir noutro produto/ideia de diferenciação nesta área, dizem-nos que de momento não, pois fizeram recentemente avultados investimentos na modernização do processo produtivo. “Em certas campanhas de safra, em que as colheitas de azeitona são elevadas, tínhamos alguns problemas no que diz respeito à moagem atempada da azeitona, que é uma matéria-prima infelizmente muito perecível, o que pode afetar a qualidade dos azeites produzidos, no entanto, devido às condições climatéricas que habitualmente temos na nossa região (falta de chuvas) e uma vez que quase 100% do olival algarvio é olival tradicional de sequeiro, estas boas campanhas são cada vez mais raras”.
Sobre as etapas que considera essenciais para o desenvolvimento e competitividade do setor, a Pecoliva sublinha os investimentos referentes a uma “maior capacitação quanto à água necessária para a produção agrícola”, realçando que “existem alguns projetos que poderão em breve ajudar a mitigar estes problemas, nomeadamente com o tratamento de algumas águas, como as nossas águas-ruças e como a dessalinização da água do mar”.
A edição de 2025 do “Prémio Inovação – Dieta Mediterrânica” está prestes a arrancar. À semelhança da edição anterior, poderão candidatar-se os produtores, projetos ou empresas que estejam representados na Feira da Dieta Mediterrânica, possibilitando assim que, para além da avaliação do júri acreditado para o efeito, o público possa conhecer e votar no produto que considere merecedor, com uma quota de 30% na decisão final.
A avaliação inclui critérios como o grau de inovação, a viabilidade económica e as necessidades do mercado e a sustentabilidade ambiental e social.
Fonte: CCDR Algarve