O preço de referência para exportação da castanha de caju por Moçambique vai subir até 19% na próxima campanha, conforme decisão do Comité de Amêndoas do país, anunciada hoje.
Segundo informação divulgada hoje pelo Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas moçambicano, a sessão do Comité de Amêndoas, realizada terça-feira em Maputo, fixou os preços de referência para a exportação da castanha de caju na campanha 2025/2026, cuja qualidade de 46 libras passa a 1.250 dólares (1.074 euros) por tonelada (+19%).
Já a castanha de caju com qualidade de 53 libras passa a 1.440 dólares ((1.237 euros) por tonelada (+13,5%), “de acordo com a dinâmica de preços no mercado internacional”, acrescenta a informação.
A reunião do comité, dirigida pelo diretor-geral do Instituto de Amêndoas de Moçambique, Ilídio Bande, contou com 40 participantes, incluindo representantes da Associação dos Industriais do Caju, da Associação Comercial e Industrial de Nampula, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Agropecuários e Indústria de Caju e Florestas, “entre outros atores relevantes na cadeia de valor do caju”.
No mesmo encontro definiu-se que a exportação da castanha de caju será oficialmente aberta a 19 de dezembro, para “garantir o fornecimento pleno à indústria”, prevendo-se que a campanha atinja a exportação de cerca de 60.000 toneladas, das quais 45.000 toneladas “já se encontram aprovisionadas”.
Moçambique prevê investir 374 milhões de dólares (322 milhões de euros) para desenvolver o setor do caju e elevar a produção anual das atuais 158 mil toneladas anuais para 689 mil até 2034, segundo informação divulgada em outubro pelo Ministério da Agricultura.
O objetivo do programa, a executar em todo o país, explicou o ministério, “é promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da cadeia de valor do caju, fortalecendo a investigação, fomento, extensão, comercialização e processamento”, contribuindo “para o aumento da produção e renda dos produtores e gerar oportunidades de emprego”.
“A castanha de caju é um produto de coesão social e de promoção da segurança alimentar e nutricional, encorajamos que seja introduzida nos programas de alimentação escolar e nas receitas nos nossos restaurantes”, afirmou o ministro Roberto Albino, citado na mesma informação.
O Programa de Desenvolvimento da Cadeia de Valor do Caju 2025–2034 inclui a reforma dos mecanismos de implementação em prol do fortalecimento da indústria e além de incrementar os níveis de produção, segundo o ministério, também prevê o aumento da “capacidade de assistência de 230 mil para mais de 600 mil produtores, de processamento de 40 mil para mais de 482 mil toneladas e consolidar o processo de digitalização do setor”.
O programa serve também para fomentar alianças entre os atores, beneficiando tanto os produtores como os industriais e exportadores.
“Pretendemos fazer com que a indústria do caju funcione sem grandes intervenções do Estado”, acrescentou o ministro.
Dados oficiais anteriores indicavam que a comercialização de castanha de caju em Moçambique atingiu na última campanha de 2024/2025 cerca de 195.400 toneladas, sendo um marco histórico mais próximo do recorde dos anos 1970, quando o país foi um dos maiores produtores mundiais.
A exportação de castanha de caju por Moçambique continua a crescer, atingindo 38,7 milhões de dólares (33 milhões de euros) no primeiro trimestre, liderando nas vendas ao exterior entre os designados “produtos tradicionais”, segundo dados oficiais.
A produção de castanha de caju em Moçambique atingiu há 50 anos, ainda no período colonial, mais de 200 mil toneladas anuais e, até meados da década de 1970, Moçambique era o segundo maior produtor mundial de caju (210 mil toneladas processadas em 1973), atrás apenas da Índia, que comprava na altura, e ainda hoje, grande parte dessa produção.










































