[Fonte: Sábado]
A produção agrícola sente-se ameaçada pela falta de água. Há populações que podem mesmo vir a ficar sem água em casa.
Desde 1990 que não se verificava tanta falta de água nas barragens portuguesas. Segundo o Diário de Notícias, há várias produções agrícolas ameaçadas, há populações que podem ficar sem água e a REN não afasta a subida de preço da energia. Instituto Português do Mar e da Atmosfera vai reunir-se esta quarta-feira, 5, para discutir os impactos das escassez.
Fonte oficial da EDP garantiu ao jornal que a baixa precipitação reduziu a produção de electricidade e, segundo a REN, as condições são “muito desfavoráveis” no primeiro semestre de 2017, uma vez que Portugal produz um quarto do seu consumo através das barragens.
José Emídio, um dos produtores de arroz do Vale do Sado, explica que em Maio a barragem de Odivelas, em Ferreira do Alentejo, “já estava mal” e que esta situação “faz lembrar os inícios da década de 80 quando a água acabou” e tiveram de ser colocadas bombas no Sado até secar o rio”.
Na barragem de Odivelas o armazenamento actual está fixado nos 28,1%, quando a média é 59,9%. O Diário de Notícias adianta que este é um cenário idêntico em outras 44 barragens do País – onde os armazenamentos são inferiores à média registada entre 1990 e 2016. Só as bacias do Limas, Ave e Arade registam melhorias em relação aos anos anteriores.
A situação mais preocupante é na barragem Monte da Rocha, que abastece as populações de Castro Verde, Ourique e Almodôvar. O seu armazenamento está fixado nos 15,5%, sendo que a média no final de Junho é de cerca de 60%, segundo os dados da Agência Portuguesa do Ambiente.
O IPMA, que se vai reunir para avaliar os impactos da falta de água, indica que esta anomalia é uma consequência do Inverno e Primavera secos e de um mês “anormalmente quente e sem chuva” em Junho.
O presidente da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas, Manuel Reis, também vê com preocupação esta situação e avisa: “temos água para um mês e meio, no máximo”. Reis garante que a barragem do Alqueva esteja a fornecer apenas seis milhões de metros cúbicos mensais – quando o esperado seria 7,5 milhões -, o que pode colocar em risco a campanha de alguns arrozais.
A solução encontrada por alguns produtores agrícolas foi acelerar o ciclo de crescimento do arroz. No entanto, alguns dos produtores de milho preferiram nem se aventurar. Segundo o DN, não se avistam um só campo num raio superior aos cem quilómetros no vale do Sado. “São precisos 10 a 12 mil metros cúbicos por hectare de milho. É inviável com a água que foi disponibilizada”, diz Joaquim Manuel Lopes, técnico agrícola da Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal.
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