A pera rocha registou este ano a segunda pior colheita da última década, com 114.759 toneladas de fruta, devido às condições climatéricas e fitossanitárias, divulgou hoje a Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha (ANP).
“Trata-se da segunda pior colheita da última década e do terceiro ano consecutivo com menos 50% de peras, muito abaixo do potencial produtivo”, refere em nota de imprensa a ANP.
As 114 mil toneladas de pera representam “cerca de metade da colheita de 2021”.
Ainda assim, regista-se “um ligeiro aumento (5,7%) relativamente à colheita de 2023”, mas a ANP explicou que “é expectável que o aumento não seja efetivo e que, depois de armazenada nas centrais fruteiras, a fruta comercializável “seja igual ou inferior à campanha passada”.
As quebras na produção devem-se às alterações climáticas e à retirada de produtos fitossanitários que protegiam a produção de pragas e doenças.
“Por um lado, a falta de frio que leva à falta de flor e, por outro lado, a incidência de doenças a ver com a agenda para o ambiente, que tem retirado substâncias, ou seja, defensivos agrícolas que protegem a planta e as colheitas em relação a algumas pragas e doenças, têm contribuído para um desequilíbrio do ecossistema do pomar em desfavor da pera rocha”, justificou o presidente da ANP, Filipe Ribeiro, no final de agosto, em declarações à agência Lusa.
Os produtores pedem ajuda à Comissão Europeia e ao ministro da Agricultura.
“Os produtores têm sido resilientes, mas precisam de ter ferramentas eficientes para controlar a produção”, sublinhou.
A ANP alertou que a baixa produtividade provocada pelas alterações climáticas e pela agenda para o ambiente tem conduzido ao aumento da importação de produtos de fora da Europa sem as mesmas garantidas de qualidade.
A pera rocha, com uma área de cultivo superior a 11 mil hectares, contribui para mais de 85 milhões de euros de receitas por ano ao setor.
Mais de 70% da sua produção é exportada para 20 países, com três destinos principais a ocuparem o pódio: Europa (50%), Marrocos (20%) e Brasil (20%).
Criada em 1993, a ANP representa cerca de 90% dos produtores e da produção de pera rocha em Portugal.
Em 2003, a Pera Rocha do Oeste foi reconhecida pela Comissão Europeia como produto de Denominação de Origem Protegida.