O secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Madeira disse hoje que o Orçamento da região para 2022 “elimina” quem afirma que o executivo PSD/CDS-PP não aposta no setor primário, ao alocar-lhe 56 milhões de euros.
“Vamos continuar a trilhar um profícuo caminho, que também compreende o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, que contou com importantes e decisivos contributos regionais, sem grandes alaridos, mas com enorme sentido de Estado”, declarou Humberto Vasconcelos.
O governante falava no parlamento madeirense, no âmbito da discussão na especialidade das propostas de Orçamento (2.125 ME) e Plano de Investimento e Despesas (764 ME) da região autónoma para o próximo ano, que decorre até quinta-feira.
“Não deixaremos, também, de olhar lá para fora, com o firme objetivo de não vermos beliscadas as Regiões Ultraperiféricas da União Europeia, como é o caso da Madeira, reivindicando direitos e lembrando sempre que Portugal tem dimensão estratégica por causa das suas ilhas”, vincou.
Humberto Vasconcelos disse que o resultado na agricultura é “largamente positivo”, não havendo o risco de “acontecer uma interrupção deste desenvolvimento”, pelo que o executivo vai “continuar a incrementar” medidas e investimentos ao nível da melhoria das cadeias de produção locais, maior qualificação e “respeito” pelos produtos regionais.
“Além da execução de medidas extraordinárias de apoio aos setores da agricultura, pecuária e agroalimentar, as linhas de ação que irão orientar a nossa atividade no próximo ano vão no sentido de continuarmos a encorajar, fortalecer e solidificar o futuro da agricultura na região”, explicou.
O secretário regional enumerou várias áreas a promover, como a agricultura biológica e a investigação.
“Reconhecidos ao passado e fiéis ao presente, não deixaremos de olhar para o futuro, para as gerações vindouras, com a formação contínua na Escola Agrícola da Madeira”, disse, adiantando outros projetos a executar em 2022, como a construção do Centro de Multiplicação de Variedades Tradicionais da Madeira e a reabilitação do Polo de Ovinicultura, no concelho de Santana, na costa norte da ilha; a reconversão do Centro Interpretativo da Flor, na Ponta do Sol (zona oeste); a melhoria de acessibilidades agrícolas, a construção de uma nova sidraria e a edificação do Centro de Desenvolvimento do Património Imaterial da Cultura do Porto Santo.
Os partidos da oposição na Assembleia Legislativa da Madeira – PS, JPP e PCP – foram unânimes em considerar que a “prática” e a “realidade” do setor agrícola na Madeira “não correspondem” ao discurso do titular da pasta.
“O Orçamento repete os mesmos projetos todos os anos sem resultados”, disse a deputada Sílvia Silva, do PS, o maior partido da oposição, vincando que a secretaria regional funciona apenas como um “departamento de extensão rural” do executivo PSD/CDS-PP e como um “intermediário de dinheiros comunitários”.
O deputado Rafael Nunes, do JPP, sublinhou, por seu lado, que os números do último recenseamento agrícola divergem do “paraíso do secretário” e apontam, por exemplo, para a redução de explorações agrícolas, redução de apoios e aumento da dependência de produtos do exterior.
“Os números agravam-se e este orçamento nada faz para reverter a situação”, disse.
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