Autores de abaixo-assinado pedem uma “estratégia para o futuro” do Douro, alertando que “nenhuma região de vinho aguenta tanto tempo no atual “desequilíbrio” e a sofrer “tantos danos na sua imagem e na economia das suas comunidades” por conta de uma “incompreensível inação”.
Quase três dezenas de figuras ligadas ao Douro lançaram uma petição em que defendem uma reforma do quadro regulamentar da Região Demarcada, sem mexidas há quase um século, considerando os “danos graves e desnecessários” que a “inércia” na sua alteração está a provocar, que vai desde o preço das uvas à sustentabilidade dos viticultores.
Os signatários da missiva intitulada “O Douro Merece Melhor” assinalam que “os últimos 20 anos foram caracterizados por uma descida de quase 25% no volume de vendas de vinho do Porto, para 7,8 milhões de caixas de nove litros”, enquanto “as vendas dos vinhos DOC [Denominação de Origem Controlada] Douro cresceram significativamente para 5,2 milhões de caixas”, para sustentar que, apesar destas “mudanças profundas”, o quadro regulamentar “não teve qualquer alteração, permanecendo, na sua essência, imutável há quase 100 anos”.
Um cenário que – advertem – está a ter consequências diretas e palpáveis: “O sistema atual está a promover distorções devastadoras que estão a impactar não só no preço das uvas, mas também na sustentabilidade sócio-económica dos viticultores, das empresas, e no futuro dos seus vinhos nos mercados internacionais”.
Os signatários dão o exemplo do chamado “sistema de benefício”: Introduzido nos anos 1930 “estabelece a quantidade de uvas destinadas à produção de vinho do Porto”, com o “limite a ser ajustado anualmente, dependendo de um conjunto de fatores, nomeadamente a qualidade e os níveis de oferta e de procura”, figurando como um sistema “semelhante ao praticado nas mais importantes regiões vitivinícolas europeias”. Um sistema que não se aplica, no entanto, às das uvas destinadas para vinho DOC Douro que “são comercializadas no mercado livre e, regra geral, num ambiente de excesso de oferta”.
“O Douro está a sofrer devido à redução dos volumes de vinho do Porto e um contexto regulamentar desatualizado. Consequentemente, muitas uvas são vendidas abaixo do seu custo de produção. O prejuízo para os viticultores é óbvio, resultando no abandono da vinha e no despovoamento da região. Uma situação agravada pelas alterações climáticas que estão a impactar seriamente a nossa região”, lê-se na petição.
Para os signatários “igualmente grave” é “o facto de demasiados vinhos estarem à venda internacionalmente com […]