O abutre-preto, que está em perigo de extinção em Portugal, tem atualmente mais de 119 casais no país, quando há três anos eram 40, anunciou hoje a entidade responsável por um projeto de conservação da espécie.
O balanço foi hoje divulgado em comunicado pela organização não-governamental “Vulture Conservation Foudation” (VCF) que coordena o projeto “LIFE Aegypius Return”, financiado pelo programa LIFE da União Europeia e que tem diversos parceiros, como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e as Organizações Não-Governamentais (ONG) Rwilding Portugal e Quercus.
O projeto começou há três anos e tinha como objetivo duplicar a população reprodutora de abutre-preto em Portugal, estimada em 40 casais em quatro colónias.
Com a descoberta de uma quinta colónia no ano passado, que abrange os concelhos de Vidigueira e Portel, o objetivo passou a ser a implementação de “ações de conservação que permitissem duplicar este número, alcançando pelo menos 80 casais distribuídos por cinco colónias até 2027”.
“Na época de reprodução de 2025, o aumento do número de casais nidificantes face a 2024 (108-116 casais) foi bastante tímido: foram registados 119 a 126 casais, que produziram 56 crias recrutadas para a população”, explicou a VCF acrescentando que, 25 a 26 destes casais e 16 das crias pertencem a ninhos localizados em território espanhol, “uma vez que várias colónias são transfronteiriças”.
Os casais nidificantes estão distribuídos pelas colónias do Douro Internacional, Serra da Malcata, Tejo Internacional, Herdade da Contenda e Vidigueira.
A colónia do Douro Internacional manteve os oito casais nidificantes desde o ano passado contando com cinco crias voadoras, e na Serra da Malcata o número de casais passou de 18 em 2024 para 15 este ano.
A organização mencionou ainda alguns fatores que condicionaram a reprodução do abutre-preto, como o incêndio “que lavrou mais de 10.000 hectares do Parque Natural do Douro Internacional” que “destruiu completamente dois ninhos e afetou outros seis”, confirmando-se a morte de duas das cinco crias nascidas e “havendo a suspeita da morte de outras duas”.
“As várias colónias estão também ameaçadas pela forte expansão de projetos de energia renovável, com a instalação de novos aerogeradores e linhas elétricas nas proximidades dos ninhos, aumentando o risco de mortalidade por colisão e eletrocussão”, afirmou a VCF.
A organização acrescentou que os parques solares “inutilizam vastas áreas de alimentação ou de potencial expansão da espécie” e que “o abutre-preto continua também exposto a ameaças bem conhecidas” como o envenenamento e o tiro.












































