Luís Dias, de 48 anos, está todos os dias no jardim em frente ao Palácio de Belém. Costuma estar por ali das 8h às 19h, arrancando depois para uma penosa caminhada de uma hora até ao carro, onde está a pernoitar. Já teve de chamar o INEM quando o frio lhe levou a sensibilidade nas pernas. As recusas de apoio do Estado para a sua quinta de amoras, em Idanha-a-Nova, e a burocracia deram início a um caso kafkiano com muitas vidas e dimensões lá dentro. A história começou em 2014 e a greve de fome vai prolongar-se “até conseguir”
A manobra que o coloca de pé leva um tempo pouco usual. O caminhar também é vagaroso, penoso até. O rosto desalentado já não é o mesmo que mora na fotografia das contas de Twitter ou WhatsApp, a barba já não esconde tanta carne. Afinal, são já 19 dias em greve de fome por um caso administrativo e judicial com muitas vidas e dimensões que se arrasta há vários anos. O que se tornou mais lento por uma causa vai sendo salpicado por risos ou promessas de teimosia. E por humor: “A relva começa a parecer apetitosa”, escreveu nas redes sociais na quinta-feira, quando o Expresso o encontrou no jardim à frente do Palácio de Belém. É aí que vai ficar até haver uma solução para o seu problema.