A possível instalação de uma exploração pecuária no concelho de Vila Franca de Xira, autorizada pelo Governo, está a motivar o descontentamento de moradores e da Câmara Municipal, que contestam a localização e alertam para os impactos ambientais.
Em causa está uma autorização dada pelo Ministério da Agricultura e Pescas e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) para a instalação de uma vacaria na aldeia da Granja, na freguesia de Vialonga, num terreno classificado como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN).
Contudo, o projeto está a ser contestado pelos moradores da pequena localidade e pela Câmara de Vila Franca de Xira, que já promoveu um abaixo-assinado e questionou a tutela, segundo disse hoje à agência Lusa o presidente do município do distrito de Lisboa.
“Fomos surpreendidos com esta autorização e até fomos alertados pelos próprios moradores, que se começaram logo a movimentar. Trata-se de uma produção pecuária, ao ar livre, num terreno típico de várzea, que até costuma estar alagado. Esse terreno, na nossa opinião, não tem condições para albergar este tipo de produção”, sublinhou Fernando Paulo Ferreira (PS).
Nesse sentido, o autarca socialista considerou não existir “quaisquer razões” para o Governo ter aceitado licenciar a instalação daquele tipo de indústria e admitiu incentivar os moradores a recorrerem à justiça para travar o projeto.
“É o caminho que nos parece que defende melhor os interesses da população”, apontou.
Por sua vez, os moradores da localidade da Granja vão levar a cabo no sábado uma concentração para contestar a possível instalação da exploração pecuária, manifestando também “profunda preocupação com os impactos negativos deste projeto”.
“Vai ficar a 100 metros da aldeia e a 300 metros de uma escola. Além disso, é um terreno que é suscetível de cheias e que já foi embargado pela Câmara de Vila Franca de Xira. Por isso, manifestamos a nossa profunda preocupação com os impactos que trará”, referiu à Lusa Joel Caipiro, um dos promotores da ação de protesto.
Além da concentração de sábado, que decorrerá a partir das 10:00, os moradores pretendem deslocar-se no domingo para o local da freguesia afeta ao voto antecipado das eleições legislativas para contestar o projeto.
A Lusa contactou o Ministério da Agricultura e Pescas e também a CCDR-LVT, mas não obteve resposta.