A produção avícola moçambicana caiu 10% em 2024, para 135 mil toneladas, influenciada pela conjuntura dos protestos pós-eleitorais, mas o Governo espera impulsionar o setor nos próximos anos, apostando na produção de rações para atingir a autossuficiência.
“Dada a situação do ano passado, houve um decrescimento de produção, mas esperamos que isto vai ser ultrapassado em muito pouco tempo”, disse o diretor nacional da Pecuária, Rafael Escrivão, numa alusão aos protestos que se seguiram às eleições gerais de 09 de outubro de 2024, com paralisações, vandalizações e saques, incluindo em empresas.
O dirigente falava em Maputo, à margem do primeiro Laboratório Nacional de Ação para a Avicultura, encontro de dois dias com especialistas e outros responsáveis, para promover o alinhamento em torno de uma “visão ambiciosa” para o setor avícola de Moçambique nos próximos anos.
“Nós denominamos este laboratório de avicultura, não estamos a falar de infraestrutura (…), equipamentos laboratoriais. Estamos a falar do nosso laboratório de produção de insumos que usamos, que temos, isto faz parte do laboratório”, explicou Rafael Escrivão.
O diretor nacional da Pecuária traçou o objetivo de impulsionar a produção de ração em grande escala e melhorar os locais de produção na indústria avícola, de produção de alimentos derivados, em grande parte de frango, em especial carne e ovos, e em menor escala de aves como perus, patos, gansos, codorniz e avestruzes.
“As quantidades necessárias para a produção de rações são extremamente altas e como sabemos também, parte destas soluções, o milho em particular, também é usado para a alimentação humana”, explicou Rafael Escrivão, apontando a alcançar a meta de 120 toneladas, em termos de rações, nos próximos cinco anos.
Na mesma reunião, o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, considerou o setor da avicultura como “um pilar bastante importante” para o desenvolvimento do setor, ao assegurar a cesta básica dos moçambicanos, manifestando o apoio do Governo para alcançar a “plena suficiência alimentar”.
“Mas a nossa missão não é só essa, é assegurar que 100% das matérias-primas desta indústria sejam também produzidas em Moçambique”, disse Roberto Albino, referindo que o país ainda importa muito milho para a produção de ração, pretendendo assegurar a integração total da cadeia de valor.
A indústria avícola gera emprego sobretudo para mulheres e jovens, e renda para a economia, sublinhou ainda o ministro, acrescentando que poderá transformar a juventude, “sedenta” de oportunidades de negócios, mas realçando a necessidade de “garantir qualidade”.
“Nós ainda temos desafios enormes, porque grande parte da produção avícola é feita ainda informalmente”, observou o governante.













































