Se a área de estufas triplicar na região do Parque Natural do Sudoeste Alentejano, haverá tantos trabalhadores sazonais como os residentes em Odemira e Aljezur. E a água não chega para tudo nem para todos, alerta o movimento Juntos pelo Sudoeste
Estimava-se em 2019 que a área de estufas existente no Parque Natural do Sudoeste Alentejano (PNSACV) rondava já 1200 hectares e que, com a luz verde dada por uma resolução do Governo, viesse em breve a triplicar. Não se sabe ao certo quanto já cresceu no último ano e meio, mas o movimento Juntos pelo Sudoeste estima que “as novas explorações cresçam a um ritmo de 200 hectares e dois mil novos trabalhadores em cada ano”. Por isso, e tendo em conta que oficialmente existem 10 mil trabalhadores sazonais, o movimento questiona: “Como vão integrar 30 mil imigrantes numa população residente de 32 mil pessoas (nos concelhos de Odemira e Aljezur)? E como vão ser preservados os valores do parque natural, que estão a ser negligenciados pelo Estado?”. É que, além das questões há muito apontadas relacionadas com a poluição por plásticos e fitofármacos agrícolas nesta área protegida, agravam-se os problemas relacionados com a escassez de água na região e outras questões ambientais.
O próprio presidente da Câmara Municipal de Odemira, José Guerreiro, alertou esta semana para a “forte possibilidade de haver falta de água na região” e de a “água disponível na albufeira da barragem de Santa Clara só chegar para o período de um ano, caso não chova”. O autarca apontou o dedo à agricultura intensiva como responsável pelo “agravar do problema”.
Barragem de Santa Clara a 40%
Dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de final de abril indicam que das 60 albufeiras monitorizadas quatro tinham menos de 40% do volume total, entre as quais as das bacias do Mira (Odemira). “Há dois anos que a barragem de Santa Clara está abaixo do chamado nível morto, ou seja, abaixo do nível que deveria impossibilitar a exploração para atividade agrícola”, aponta Nuno