Um ataque de lobos em Vimioso causou terça-feira a morte a três ovelhas, uma desaparecida e ferimentos “muito graves” noutras sete, contou hoje à Lusa o pastor proprietário dos animais.
“Eu verifiquei no meu terreno lavrado que havia pegadas de pelo menos quatro lobos”, contou à Lusa o partor Isidro Fernandes, de Vilar Seco no concelho de Vimioso, acrescentando que os predadores “saltaram a vedação e entraram no local onde estavam as ovelhas que estavam prenhas”.
O pastor disse não ter dúvidas que “os lobos atacaram durante o dia e muito próximo da aldeia” a cerca de cem metros da sua casa.
“Os ataques têm acontecido com muita frequência no concelho de Vimioso e Miranda do Douro [distrito de Bragança]. Há que fazer alguma coisa, porque andamos a trabalho e não sabemos para quem”, relatou.
Segundo o pastor, o ataque aconteceu entre as seis da manhã e as seis da tarde de terça-feira.
“Os lobos voltaram na madrugada de hoje mas não atacaram, porque deveriam ter sentido alguma coisa e fugiram”, vincou.
O último ataque de lobos registado no Planalto Mirandês aconteceu em 05 de outubro, em Águas Vivas, no concelho de Miranda do Douro.
Segundo Isidro Fernandes, o ataque foi comunicado à GNR e ao Instituto da Conservação da Natureza e Floresta (ICNF).
Em pouco mais de um mês, este é o quinto ataque de lobos registado no concelho de Miranda do Douro.
Em 19 de setembro, ICNF avançava à agência Lusa que, desde 2024, tinham sido registados 32 ataques de lobos, na região do Planalto Mirandês, território fronteiriço do distrito de Bragança.
A falta de alimentos provocada pelos incêndios e o facto de o lobo ser um animal “territorial”, foram algumas das razões avançadas para os ataques, por especialistas contactados pela Lusa.
As proximidades dos ataques dos lobos às aldeias também estão a sobressaltar os produtores de ovinos e caprinos deste território transmontano.
Segundo o ICNF, o lobo ibérico possui em Portugal o estatuto de espécie em perigo, que lhe confere o Estatuto de Espécie Protegida.
Em julho, foi apresentado o Programa Alcateia 2025-2035, de proteção do lobo ibérico, que tem para este ano um orçamento de 3,3 milhões de euros e contempla a revisão das indemnizações por ataques de lobos a gado, aproximando-as dos valores de mercado.
Segundo a direção do ICNF, indemnizações podem atingir valores de, por exemplo, 60 ou 70 euros por animal, quando no mercado seria de 170 ou 180 euros, realçando que não se acompanha completamente o valor do mercado, mas há uma aproximação.