O presidente do PSD defendeu hoje um equilíbrio entre agricultura e ambiente, considerando os agricultores “os maiores defensores” dos animais, e prometeu uma voz ativa na Europa na defesa deste setor e contra a burocracia.
Luís Montenegro falava num almoço com agricultores, em Benavente (Santarém), que teve o arroz como prato principal.
Na sua intervenção, o também primeiro-ministro defendeu que o Governo deve estar “na linha da frente da defesa do ambiente”, mas tal não é incompatível com a prioridade à agricultura.
“Não tenho nada contra o ambiente, pelo contrário (…) Não devemos menosprezar, pelo contrário, devemos estar na linha da frente da proteção dos nossos recursos naturais, dos nossos valores ambientais. O que nós não podemos é fazer com que isso elimine tudo o resto, que não haja equilíbrio”.
Montenegro recordou o que, nas legislativas de há um ano afirmou, voltando a repetir: “Os maiores defensores do ambiente que temos no nosso território, da biodiversidade e dos animais, são mesmo”.
“Não conheço ninguém que goste mais dos animais do que os agricultores”, afirmou.
A porta-voz do PAN acusou hoje o secretário de Estado da Agricultura, João Moura – que também discursou – de fazer a “apologia da cultura de violência contra os touros e os cavalos” por ter assistido e divulgado imagens de um espetáculo tauromáquico.
Montenegro prometeu, se for eleito, continuar o combate à burocracia neste setor e uma palavra mais ativa para União Europeia.
“Não estamos aqui apenas para cumprir o que a Europa nos diz para fazer, nós somos uma parte da decisão da Europa”, afirmou, numa passagem muito aplaudida da sua intervenção.
O primeiro-ministro salientou que a escolha de dois antigos eurodeputados para as pastas da Agricultura e Ambiente – José Manuel Fernandes e Graça Carvalho – também se deveu aos “muitos anos de exercício de funções na União Europeia”.
Montenegro assegurou que um eventual futuro Governo PSD/CDS-PP irá trabalhar “ainda com mais afinco” com o setor primário, que há um ano prometeu tornar prioritário na governação.
“Podem continuar a contar com um governo que é vosso parceiro: nós não vamos fazer o vosso trabalho, nem dizer como o fazem (…) O nosso papel é não atrapalhar, é tirar burocracia, simplificar”, afirmou.
O presidente do PSD admitiu existirem “alguns bloqueios e resistências” na administração pública, mas reiterou que o combate à burocracia será uma filosofia central de um novo executivo que venha a liderar.
“Os funcionários não servem para criar um problema que não existe: quando se vai a um ponto da administração pública com um problema, não se deve sair de lá com dois”, advertiu.
No segundo discurso nesta campanha quase totalmente dedicado à agricultura – o primeiro foi no Cadaval (Lisboa) -, Montenegro reiterou como objetivo tornar a agricultura portuguesa mais autossustentável e reduzir o défice na balança comercial neste setor.
“É quase criminoso que desaproveitemos o potencial natural que temos”, disse, salientando que a prioridade à agricultura “não é nenhum favor” mas uma opção estratégica.
Em Santarém, o cabeça de lista da AD é o ministro da Educação, Fernando Alexandre. Neste círculo, o PS venceu as eleições por curta margem e elegeu três deputados, os mesmo que a AD, em segundo, e o Chega em terceiro, com os mesmos parlamentares.
Legislativas: Montenegro “o grande timoneiro” da reconciliação com os agricultores – João Moura