Com o avanço da agricultura intensiva, em apenas duas décadas, desapareceram cerca de uma centena de charcos no interior do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
No lugar de Vale Figueira, no concelho de Odemira, entre as praias do Carvalhal e da Zambujeira do Mar, desapareceram os últimos cinco de mais de 30 charcos temporários que ali existiam.
A informação foi prestada ao PÚBLICO por Rita Alcazar, dirigente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) que coordenou o Projecto LIFE Charcos que, entre 2013 e 2018, identificou 133 charcos temporários mediterrânicos, considerados habitats prioritários na Zona Especial de Conservação da Costa Sudoeste.
Como se pode constatar através de imagens aéreas do Google Earth, a zona onde existiam os cinco charcos temporários “foi terraplanada para o espaço ser preenchido por estufas”, referiu a dirigente da LPN.
Confrontada com esta “destruição total”, a LPN enviou uma denúncia à CE, para demonstrar que o seu esforço na preservação do património natural português “pode estar em causa pela ineptidão” do Estado português. Rita Alcazar frisou que a conservação destes charcos foi “inclusivamente alvo de financiamento europeu durante mais de cinco anos”.
“Degradação da Costa Sudoeste”
Eram os últimos sobreviventes de uma das mais importantes concentrações de charcos no país. O avanço da agricultura intensiva nesta área protegida “está, uma vez mais, na origem deste desastre, que vem ilustrar a progressiva degradação da Costa Sudoeste”, detentora de tesouros naturais extraordinários que não existem em nenhum outro lugar no mundo, destaca a LPN.