A startup brasileira Future Cow quer produzir proteínas do leite em laboratório sem recorrer a vacas. A apresentação da sua tecnologia de fermentação de precisão vai ser feita na feira VivaTech, em Paris, entre 11 e 14 de junho.
Com os recursos naturais cada vez mais limitados e a procura global de alimentos em constante crescimento, existe a necessidade de soluções inovadoras para garantir a segurança alimentar. A startup brasileira Future Cow aposta na fermentação de precisão para criar proteínas do leite em laboratório, eliminando a necessidade de vacas no processo produtivo.
A iniciativa conta com o apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP e faz parte do grupo de dez empresas convidadas a apresentar tecnologia no stand da Universidade de São Paulo (USP) na VivaTech, uma das maiores conferências europeias de inovação e empreendedorismo.
“O processo já é utilizado noutros países e queremos mostrar em França que o Brasil também está na vanguarda desta tecnologia”, afirma Leonardo Vieira, cofundador e CEO da Future Cow. “Esta visibilidade permite-nos atrair investidores que compreendam o nosso potencial de produção no Brasil e exportação para o mundo.”
Fundada em 2023, a Future Cow desenvolve uma abordagem semelhante à da indústria de cerveja ou vinho. Primeiro, identifica-se no ADN bovino a sequência genética responsável pela síntese das proteínas do leite. Em seguida, essa informação é inserida num hospedeiro — que pode ser uma levedura, um fungo ou uma bactéria — que, num tanque de fermentação, multiplica-se e produz as proteínas desejadas.
O líquido resultante é depois filtrado e seco, originando proteínas lácteas isoladas, prontas a integrar a formulação de produtos alimentares e derivados lácteos. “Estas proteínas funcionam como ingredientes de base que a indústria pode combinar para criar iogurtes, queijos ou outros produtos”, explica Vieira.
Apesar do potencial disruptivo, a Future Cow não pretende substituir completamente o leite convencional. “Procuramos oferecer soluções complementares ao mercado”, diz o CEO. “Os consumidores e a indústria estão a evoluir para opções mais híbridas, que aliam sustentabilidade e eficiência.”
Com a apresentação na VivaTech, a empresa espera consolidar parcerias com multinacionais do setor de produtos lácteos e acelerar a transição para processos de produção mais sustentáveis, face aos atuais desafios ambientais e económicos.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.