A zona florestal do concelho da Calheta, na Madeira, está a ser consumida pelas chamas enquanto os meios de socorro estão concentrados na zona habitacional, onde já há um desalojado e duas casas ardidas, revelou hoje o presidente da Câmara.
“Continuamos com muitos incêndios. A zona florestal, na parte mais alta do concelho, continua a ser consumida pelas chamas. A nossa prioridade tem de ser a zona habitacional, portanto a zona florestal está a ser consumida. A verdade é esta”, disse Carlos Teles à agência Lusa.
O autarca apontou que o fogo que lavra há vários dias em vários concelhos da Madeira consumiu duas casas na Ponta do Pargo, uma habitada e uma segunda devoluta.
“Uma senhora ficou na casa de uma vizinha. Já temos técnicos da Câmara e da Segurança Social a tratar do assunto”, apontou.
O autarca contou que as freguesias da Ponta do Pargo e a dos Prazeres tiveram uma noite “muito complicada”, mas que “agora a grande preocupação” está numa zona florestal do Pargo, na zona do Vazadouro porque existe o perigo do fogo passar para o Estreito da Calheta.
“Seria muito mau porque a freguesia do Estreito da Calheta ainda está a ser poupada, não tem incêndios”, disse.
Outras zonas de preocupação são a do Precipício e a dos Falcões (freguesia de Fajã da Ovelha) porque têm uma frente de fogo ativa e, durante a noite, o fogo reacendeu no sítio das Forneças na freguesia do Arco da Calheta, um local onde o incêndio já tinha entrado em fase de vigilância.
“Infelizmente o vento reacendeu o fogo e voltamos a ter mais esta preocupação, mobilizando mais duas equipas para lá”, disse o autarca.
Carlos Teles saudou a ajuda que está prometida do Continente e disse compreender que os meios tenham de ser “muito bem geridos porque todos precisam”.
“Há um meio aéreo que durante o dia vai voar, mas temos consciência de que outros concelhos também precisam. Temos o pessoal muito exausto. Já vamos no quarto dia de combate a incêndios e não tem sido fácil. A boa notícia é a ajuda de corporações do Continente. A ajuda é muito bem-vinda. A zona florestal continua a ser uma zona de muita preocupação”, concluiu.
A Câmara da Calheta montou uma base no pavilhão gimnodesportivo dos Prazeres com comida, águas e colchões.
Durante a tarde de quinta-feira deflagrou outro incêndio no concelho de Câmara de Lobos, contíguo ao Funchal a oeste, numa área florestal, no sítio da Vera Cruz, freguesia da Quinta Grande, que permanece ativo.
Num ponto de situação realizado cerca das 20:00, o secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, indicou que oito pessoas receberam assistência médica devido aos incêndios que lavram na Madeira, em três concelhos, entre as quais um bebé por inalação de fumo.
O combate às chamas nos três municípios envolvia na quinta-feira um total de 127 operacionais, com o apoio de 42 viaturas e do helicóptero, que opera apenas durante o dia.
As câmaras da Calheta e do Porto Moniz ativaram os respetivos planos municipais de emergência e proteção civil.
O Governo da Madeira declarou na quinta-feira a situação de contingência devido aos incêndios que lavram na região, ativando, assim, o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil, anunciou o Serviço Regional de Proteção Civil.
Hoje de manhã parte para a Madeira a um contingente da Autiridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, chefiada pelo Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Coimbra, Carlos Tavares, integrando 64 Operacionais, dos quais 54 Bombeiros da Força Especial de Proteção Civil, seis elementos da estrutura de Comando da ANEPC e quatro elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica.