Especialistas de 19 países estão a partir de hoje reunidos no Porto na 1.ª Conferência Internacional sobre Causas de Incêndios Florestais para “debater a investigação das causas dos incêndios” e como pode ser melhorada para ajudar na prevenção.
“Vamos debater a investigação das causas, como é que ela é feita, como é que ela pode ser melhorada para que seja mais efetiva a prevenção. Nos incêndios, tudo começa pelas ignições. Se entendermos melhor porque é que surgem as ignições, conseguimos desenvolver políticas mais efetivas para reduzir muitas delas”, explicou à Lusa Fantina Tedim, geógrafa e coordenadora da conferência WIC 25.
A iniciativa, que decorre até sábado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, junta académicos, polícias, bombeiros e autoridades florestais para “partilhar conhecimento e identificar aspetos que estão em falta”, para os quais é “necessário que a ciência contribua com conhecimento”, acrescentou a responsável.
Fantina Tedim assinala que em Portugal “houve uma grande evolução em termos de gestão dos incêndios”, mas entende que “pode ir-se mais além” em termos de formação e de utilização de tecnologia na investigação.
“Mas isto não é um problema só de Portugal, isto é um problema que interessa a muita gente. Estão representados na conferência 19 países, com a presença de académicos e de pessoas ligadas à investigação no terreno”, observou.
A geógrafa refere que, em Portugal, “a utilização de tecnologia digital na investigação das causas é muito reduzida, para não dizer que não existe”.
“Naqueles incêndios que são muito complexos, a investigação das causas, da ignição do local de origem do incêndio e da causa tem que ser feita por investigadores no terreno altamente treinados e que têm muita experiência, porque eles é que efetivamente podem determinar bem qual é a causa do incêndio”, descreveu.
Assim, “há muito conhecimento que é preciso adquirir”, o que passa por uma “maior aposta na formação e na utilização correta da tecnologia”.
“Se tratarmos melhor esta parte das ignições, da investigação, do ponto de origem da causa da ignição, teremos melhor prevenção e menos incêndios no futuro”, afirmou.
A WIC25 é uma iniciativa do projeto IGNIT – A investigação das causas dos incêndios: Soluções inovadoras para uma Gestão Efetiva, no âmbito do qual foi feito um inquérito a nível mundial para saber como é feita a investigação das causas dos incêndios e os seus principais problemas e desafios.
Este questionário já foi respondido por 300 investigadores e a “falta de especialização dos investigadores” das causas das ignições foi o principal problema identificado, tendo os inquiridos apontado que, em geral, “os investigadores fazem várias tarefas e só quando têm tempo é que investigam as causas das ignições”.
Defendem, por isso, que os incêndios mais complexos têm de ser investigados por “investigadores com experiência” e “graus elevados de especialização”.
Os inquiridos apontaram ainda a “falta de recursos humanos e de acesso às tecnologias digitais para suportar uma investigação mais efetiva”, bem como a ausência de partilha de informação entre organizações.












































