No passado dia 16 de Maio foi detetado no Brasil o primeiro caso de gripe aviária num aviário com 17 000 galinhas, sito no Rio Grande do Sul.
Note-se que o vírus em causa é conhecido desde 1996, quando foi identificado na China e, até data recente, no Brasil tinham-se registado 166 casos de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) apenas em aves selvagens migratórias e em dois casos de pequenas capoeiras domésticas.
Após o referido dia 16 os importadores de frango brasileiro, onde se inclui em primeiro lugar a referida China, suspenderam de imediato as importações.
Entretanto as autoridades brasileiras implementaram um plano de contenção sanitária, conscientes dos elevados riscos para a economia do Brasil, que nos últimos 20 anos tem sido o maior exportador mundial de carne de frango.
Também na Polónia, maior produtor de frango da UE, atualmente regista-se uma situação de emergência, decorrente da ocorrência de 109 focos de gripe aviária de alta patogenicidade reportados em 2025, o que se deve principalmente à falta de medidas de biossegurança.
Em Portugal a produção de carne de frango atingiu 337 000 toneladas em 2023, representando a proteína animal mais consumida entre nós, sendo que na minha modesta opinião conviria melhorar as medidas de biossegurança, a fim de minimizar os riscos de contaminação por aves selvagens portadoras do vírus H5N1.
Entre essas medidas importa, tanto quanto possível, evitar a criação de aves ao ar livre, pois são facilmente contaminadas por aves selvagens portadoras do vírus em causa e de outros agentes patogénicos.
Curiosamente, no caso das galinhas poedeiras criadas ao ar livre, para além do risco de serem contaminadas por aves silvestres, acresce que os ovos podem facilmente ser infetados por salmonelas transmitidas por ratos, que habitualmente convivem com as poedeiras criadas ao ar livre, podendo assim contaminar os ovos com salmonelas presentes na urina daqueles roedores.
Para além das medidas da biossegurança supramencionadas, duas vias estão em curso para o combate à referida epidemia. A primeira reside no recurso a vacinas, cujos resultados em patos criados em França revelou-se muito eficaz, mas veio trazer restrições às exportações. Todavia, nos Países Baixos (principal exportador de ovos da UE) começou-se a executar um projeto piloto de vacinação de galinhas poedeiras.
A segunda via baseia-se no melhoramento genético, sendo que recentemente na Universidade da Califórnia foi criado o primeiro mapa detalhado de sempre da forma como os genes são regulados nas galinhas, o que poderá ajudar os cientistas a criar aves mais resistentes a doenças como a gripe aviária (note-se que, utilizando a edição de genes, já foi possível criar suínos resistentes à infeção pelo vírus Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS)).
Engenheiro Agrónomo, Ph. D.