Em 2021 publiquei no AGROPORTAL uma informação respeitante ao herbicida glifosato, onde pretendi informar os leitores sobre a inocuidade deste herbicida usado para matar as ervas daninhas que competem com as culturas.
Com efeito, existia então entre nós uma corrente radical movida por ideólogos com diversas formações (se bem que não científicas, nomeadamente no domínio em questão), que foi responsável pela criação de um elevado alarme social relativamente ao uso do referido herbicida.
Procurei então esclarecer que os resultados científicos então disponíveis não comprovavam a existência de perigo para os humanos, nomeadamente conforme tinha sido publicamente divulgado, designadamente pela entidade oficial norte-americana competente nesta matéria, que em 30/01/2020 tinha renovado a autorização para a comercialização do herbicida glifosato.
Acontece, porém, que em consequência das falsas informações amplamente difundidas em Portugal e noutros países europeus (não por parte dos serviços oficiais competentes, mas por pretensos divulgadores científicos) a minha referida publicação no AGROPORTAL suscitou inúmeros comentários de leitores, que chegaram a questionar por que razão o prestigiado AGROPORTAL tinha aceite o artigo.
Acrescente-se que o clima de insegurança estendia-se também a outros países europeus, de tal modo que a Comissão Europeia encarregou a Agência Europeia de Segurança dos Alimentos e as autoridades competentes de quatro Estados-Membros para procederem a uma aprofundada análise de risco do herbicida glifosato. Dezenas de cientistas, ao longo de três anos, procederam a um estudo aprofundado do herbicida em apreço. Como conclusões mais salientes, refira-se que não foram identificadas áreas críticas no que respeita ao impacto do glifosato na saúde dos humanos, dos animais e do ambiente.
Devo acrescentar que o aludido herbicida é o mais utilizado em todo o mundo pelos agricultores e aqueles que foram influenciados por falsas informações e passaram a remover as ervas daninhas recorrendo à mobilização do solo, incorreram deste modo numa prática negativa em termos ambientais, pois assim contribuem para a diminuição do teor de matéria orgânica do solo, o que apresenta dois inconvenientes: por um lado a matéria orgânica é a base da fertilidade dos solos e, por outro, é um importante sumidouro de carbono, contribuindo assim para mitigar o aquecimento global.
Manuel Chaveiro Soares
Engenheiro Agrónomo, Ph. D.