O secretário de Estado da Agricultura indicou hoje, em Macau, que Portugal tem produtos de excelência e um “interesse muito significativo” no mercado chinês, embora enfrente adversidades que limitam a entrada no país asiático.
“As dificuldades são muitas, e tantas vezes, ao nível das relações diplomáticas, das exportações, das importações – alguns acertos que é necessário fazer”, admitiu aos jornalistas João Moura, que se encontra em Macau em representação do Governo na 30.ª Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês) e na 2.ª Exposição Económica e Comercial China–Países de Língua Portuguesa (C-PLPEX), que decorrem simultaneamente.
Em paralelo, é organizada, pela primeira vez, a Expo Internacional Agrícola China-Países de Língua Portuguesa.
Estes eventos, salientou o responsável, são “uma grande janela de oportunidades” para se limarem “algumas arestas”.
“Estamos numa interpretação tantas vezes diferenciada entre mercados tão distintos como Portugal e China, em que a análise e o controlo alimentar têm as suas diferenças, têm as suas valências e, portanto, nada melhor do que conversarmos, sentarmos à mesa para tentar aqui esgrimir algumas dessas dificuldades e adversidades”, acrescentou.
Portugal, referiu o secretário de Estado, tem “várias ideias” e “vários produtos com grande potencial”, nomeadamente frutos secos, carne de porco, azeite e vinho. “Temos muita oportunidade de produtos portugueses com grande aceitação na China”, adiantou.
“Temos produtos com grande capacidade de exportação, com grande aceitação mundial e, portanto, o mercado da China é um mercado que tem para nós um interesse muito significativo, afirmou.
No sentido inverso, declarou que sentiu em Macau “um grande interesse da China” em Portugal, não apenas ao nível das exportações, mas também no que diz respeito à “internacionalização de algumas empresas” chinesas.
Empresas do ramo da tecnologia, maquinaria ou equipamento na área da agricultura, referiu João Moura, sem fornecer detalhes adicionais sobre estas empresas.
“Estão muito interessadas no desenvolvimento de alguns setores da nossa agricultura e nós estamos de braços abertos para receber”, concluiu.
Num discurso proferido durante a Mesa Redonda das Pequenas e Médias Empresas da China e dos Países de Língua Portuguesa, o representante português sublinhou o “papel crucial” de Macau como plataforma de ligação, notando que a posição geográfica e cultural do território o torna “um ponto de convergência entre o Oriente e o Ocidente”, facilitando comércio e investimento.
“Por sua vez, Portugal possui, no contexto global, uma posição estratégica que interliga o mundo oriental e o continente americano, sem esquecer o continente africano. Estas plataformas mais ágeis e integradoras fomentam e proporcionam trocas comerciais e o crescimento de novas empresas”, disse.
Um inquérito publicado em maio deste ano pela Câmara de Comércio da União Europeia na China concluiu que as empresas europeias estão a cortar custos e a reduzir planos de investimento no país asiático, à medida que a economia abranda e a concorrência feroz faz baixar os preços.
“Confrontados com uma série de desafios – incluindo a persistência de barreiras regulamentares e de acesso ao mercado, aumento das tensões geopolíticas, deflação dos preços, baixo consumo interno e redução das margens – o otimismo dos membros da Câmara em relação às perspetivas a curto e médio prazo situa-se agora num nível historicamente baixo”, lê-se no relatório que acompanha os resultados do inquérito.