Apesar de ter vivido numa quinta sem casa de banho, Dorin Matei sentiu-se bem acolhido em Portugal. Fixou-se com a família em Mêda. Agora, que tem uma empresa de prestação de serviços agrícolas, emprega indianos
Usam um boné com o nome de Dorin Matei e o seu número de telemóvel estampados. Os irmãos romenos poucas palavras sabem em inglês e alguns dos seus trabalhadores indianos também. E é com essas poucas palavras e muitos gestos que se entendem.
Dorin está com o irmão, Ion, e um funcionário indiano, Saju, a colocar uma vedação num olival de Mêda, entre o Alto Douro e o Planalto Beirão. José, o trabalhador português, viu o dia carrancudo e deixou-se estar em casa. Bi, outro indiano, fora a Lisboa, ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Outros três indianos obtiveram autorização de residência e foram à Índia casar-se.
No princípio, Dorin nem percebeu. “Marriage, marriage”, diziam-lhe os rapazes. Só quando um deles apontou para o dedo anelar ele entendeu. “Ah! Vai casar!” Foram prometidos pelos pais e têm de respeitar o compromisso. “Ou vão ou têm problemas grandes.” Ion brinca com Saju. “Arranja uma portuguesa!”
Os rapazes chegaram-lhe a Mêda por regularizar. Só um ainda não tem autorização de residência. “Ele foi chamado ao SEF porque trabalha para mim com contrato. Viram que ele tinha uma empresa aberta. Aparecem lá dívidas à segurança social, às Finanças, que sei! Tem de pagar.” Ion interrompe-o: “Diz que abriram uma empresa fantasma em nome dele.”
A vaga de Leste
Na viragem do século, houve uma primeira vaga migratória que fez chegar às despovoadas terras