O relatório “Food trends in Agritech and FoodTech in 2023”, elaborado pela Fundação Europeia para a Inovação e Aplicação da Tecnologia (INTEC) e pela Minsait, revelou que a inovação tornou-se indispensável na nova onda de transformação digital no setor agroalimentar.
Segundo explicado, sem ela, as empresas do setor estão condenadas a estagnar e a perder competitividade num cenário marcado pela incerteza, mas também pela entrada de novos atores e pela mudança de hábitos de consumo.
“A transformação digital e sustentável é uma alavanca básica para responder aos desafios de forma inteligente, sustentável e inclusiva. É a capacidade de fornecer soluções tecnológicas de alto valor para a cadeia agroalimentar que transformará as capacidades deste setor tornando-o cada vez mais sustentável e competitivo”, refere o responsável da unidade de Phygital da Minsait em Portugal, Pedro Moura.
O relatório Agri-Food Trends identificou alguns dos desafios que já estão a marcar o ritmo do mercado global:
- As alterações climáticas e a intensificação de fenómenos naturais adversos. Aplicação da tecnologia: As novas tecnologias incluem sistema de rega inteligente, a reutilização da água na economia circular e a regeneração de águas residuais, lamas e resíduos. “Tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) permitem a monitorização e a previsão do clima, atenuando os impactos de fenómenos meteorológicos extremos, como secas, granizo e inundações”, explica o relatório.
- Agroindustrialização. Aplicação da tecnologia: Tecnologias como sensores, drones e análise de dados para melhorar a eficiência de produção, entre outros aspetos.
- Segurança alimentar. Aplicação da tecnologia: O relatório destaca que a agricultura de precisão é um bom exemplo do impacto positivo que a tecnologia disruptiva, através da utilização de sensores, comunicações, soluções operacionais e análise de dados, tem no setor agrícola.
- O valor da logística na cadeia agroalimentar. Aplicação da tecnologia: O relatório aponta que é um processo que se torna mais sustentável e eficiente com a utilização da tecnologia IoT, da Inteligência Artificial e a utilização da cloud para monitorizar a temperatura e a humidade dos produtos ou para dar uma visão global e em tempo real da cadeia de fornecimento.
O último dos desafios referidos no relatório é a falta de renovação geracional no sistema de produção primária da agricultura e da pecuária.
“A península Ibérica tem uma das proporções mais baixas de jovens agricultores da União Europeia (UE). Para fazer face a esta situação, acreditamos num modelo de território rural inteligente, em que um dos pilares é o desenvolvimento do setor através da adoção de tecnologias e práticas sustentáveis, bem como a promoção da comercialização local e o intercâmbio de recursos entre produtores”, refere Pedro Moura da Minsait.
O especialista aponta também as tecnologias de automação ou a robótica avançada para fazer face à escassez de mão-de-obra, uma vez que conduzem a melhorias na eficiência operacional, aumentam a produção e impulsionam as receitas ao longo da cadeia de abastecimento alimentar.
Tendências Agroalimentares para 2023
O relatório “Food trends in Agritech and FoodTech in 2023” destacou ainda dez macrotendências que se irão consolidar, neste setor, nos próximos anos:
- Novos sistemas para plataformas de agricultura, pecuária e aquacultura de precisão;
- Inteligência Artificial Aplicada;
- Proteínas alternativas, derivadas de vegetais, insetos e produtos do mar; carne vegan e carne de cultura serão tendência;
- Biotecnologia (genética das plantas e melhoria do ADN para controlo de doenças), Saúde e Bem-Estar Animal;
- Segurança alimentar e rastreabilidade;
- Cultivo indoor e agricultura vertical;
- Robótica e Inteligência Artificial aplicada à agricultura;
- Soluções para eliminar o desperdício de alimentos;
- Marketplace de proximidade;
- Soluções de Sustentabilidade.
Para o diretor da publicação, Juan Francisco Delgado, “as tendências refletem a necessidade de inovação no setor agroalimentar e ao mesmo tempo os avanços que este setor está a experimentar na produção primária, onde se está a quebrar a tendência para introduzir inovação e tecnologia e especialmente na indústria de transformação e na logística e distribuição com inteligência artificial, o que significará um avanço importante nos próximos anos”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.