Paulo Rangel almoçou esta sexta-feira com 10 agricultores. Diz que quis trazer para a campanha das europeias os problemas reais do país que dificilmente chegam de viva voz aos políticos, muito menos aos que vivem grande parte do tempo em Bruxelas.
Por isso, foi até Celorico da Beira ouvir as queixas dos agricultores da região, muitas delas comuns a outras zonas do interior: falta de pessoas e de mão-de-obra, desertificação, envelhecimento da população.
Quis “vir também às terras onde há menos votos, mesmo que esses votos não cheguem para ganhar o país”, sustentou.
Mas também veio, claro, passar a sua mensagem: lembrar que os agricultores vão perder 10% em pagamentos diretos com o próximo quadro comunitário de apoio ou – em números de encher o ouvido – 500 milhões de euros. Graças a quem? Ao governo socialista, apontou. Repetir que, quando o PSD for Governo, veta os cortes nos fundos de coesão.
Broa de castanha com frutos secos, matemáticas impossíveis e declarações de amor
Antes do almoço e da campanha que o candidato tem para fazer, Paulo Rangel tinha a lista de reivindicações para ouvir: eram dez agricultores à mesa, produtores de setores tradicionais como o olival ou produtores de queijo e ligados à pecuária, outros mais lançados nas tendências de consumo, a apostar no cultivo de mirtilos e de frutos secos.
Nuno Ribeiro, agricultor e empresário, trouxe uma broa de castanha e nozes: “sou um apaixonado por Celorico da Beira e pela Serra da Estrela e é por isso que aqui me mantenho, senão já tinha feito como muita gente e já me tinha ido embora daqui”.
Os problemas? Estão identificados, referem, e passam pelo estrangulamento provocado pela falta de mão-de-obra, mas a base é sempre a falta de pessoas, termina, desafiando os “senhores políticos a trazer pessoas para o interior”.
Na produção de azeite, Manuel Cunha não foge muito ao diagnóstico, mas o peso dos anos sobressai mais no discurso: “aqui 10×10 não são 100, senhor doutor, na agricultura a matemática é diferente (…) é que às vezes o São Pedro nem dá a sementeira”.
E remata com o lamento de quem vê os mais novos fugir daqui, “logo que apanham asas”.
Antes da sobremesa, devolve-se a palavra ao candidato, que enaltece o formato da campanha. É preciso ouvir o país, diz Paulo Rangel. Não leva daqui um banho de multidão, mas diz que foi uma “imersão daquelas que são as reais preocupações das pessoas”.