Yang Zhaoyu demitiu-se do seu emprego numa cidade grande chinesa e há nove meses mudou-se para uma comunidade pequena que defende um estilo de vida sustentável e um consumo mais consciente.
“Depois de me licenciar, vivi uma vida considerada normal”, disse à Reuters o antigo programador de software de 30 anos. “Namorei, casei e encontrei um emprego.” Mas Yang percebeu que queria algo diferente, por isso largou a carreira em Suzhou, a Oeste de Xangai, e começou uma nova vida numa comunidade isolada, construída em torno da sustentabilidade e da agricultura biológica.
Yang Zhaoyu tenta descobrir a espécie de uma planta, com a ajuda de uma aplicação. Tingshu Wang/Reuters
As megacidades chinesas atraíram centenas de milhões de habitantes de aldeias rurais e de pequenas cidades que chegaram à procura de trabalhos e riqueza, mas pessoas como Yang fazem parte de uma tendência emergente na direcção oposta.
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Num inquérito recente a pessoas entre os 18 e os 35 anos, um think tank estatal descobriu que 52% dos que vivem em cidades mais pequenas se mudaram para lá depois de passarem uma média de três anos em cidades maiores. O ritmo de vida acelerado impulsionou a mudança.
Conhecida como AnotherCommunity (outra comunidade, em português), a nova casa de Yang fica a uma hora de distância de Fuzhou, na província de Fujian, numa aldeia chamada Guanzhong. Foi fundada em 2015 pelo casal Tang Guanhua, de 30 anos, e Xing Zhen, de 35.
Yang Zhaoyu e Chen Yan meditam de madrugada, dentro de uma casa em forma de domo, na AnotherCommuniy. Tingshu Wang/Reuters
Depois de passarem um ano na comunidade, os residentes podem votar nas decisões conjuntas e partilhar fundos e recursos. Existem, actualmente, cinco membros permanentes e a comunidade está aberta ao público para períodos de experiência de quatro meses.
Desde Outubro, mais de 20 potenciais residentes — desde antigos programadores informáticos a professores de inglês online e realizadores freelancer — inscreveram-se para se juntarem à comunidade.
A videógrafa Chen Yan planeava ficar uma semana, mas acabou por ficar um mês. “Vivia num quarto que era meio aberto e permanecia ligado ao mundo exterior, à montanha”, descreveu à Reuters a jovem de 24 anos. “Fiquei mais tempo porque queria continuar a sentir aquela plenitude.” A comunidade também é o lugar seguro de Liu Peilin, uma mulher transgénero de 63 anos, que conhece Tang há vários anos.
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Em 2018, a comunidade teve de destruir muito do que tinha construído, devido à pressão do governo local. “O que quer que eles façam, eu só espero que façam algo para a melhorar”, disse o líder comunista da aldeia, Lin.
Os meios de comunicação chineses estão repletos de histórias de pessoas em busca de estilos de vida alternativos na parte rural do país. Em 2018, um jornal noticiou a história de uma jovem que se mudou para as montanhas de Zhongnan, na província de Shanxi, porque queria ser eremita.
A história tornou-se viral nas redes sociais depois de a mulher ser despejada. Desde aí que essas montanhas têm atraído jovens de todas as partes da China. A certa altura, a comunidade chegou mesmo a ter mais de 600 residentes. O governo regional, irritado com o que viram como sendo uma incursão, demoliu as estruturas ilegais.
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