Associações ambientalistas portuguesas coincidem na ideia de que bons resultados na conferência do clima no Brasil, COP30, seriam compromissos reais e vinculativos e também muita ambição na luta climática.
A três dias o início da 30.ª reunião da ONU sobre o clima, quando sobem as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e as temperaturas batem recordes, a agência Lusa perguntou a várias associações o que para elas seria uma boa COP.
A presidente da associação Quercus, Alexandra Azevedo, diz que uma boa COP teria resoluções vinculativas, compromissos “mais consistentes” e deixaria claro o fim da extração dos combustíveis fósseis, com o fim imediato de novas licenças de exploração.
“Um bom resultado seria ver compromissos reais e imediatamente aplicáveis: novas metas nacionais alinhadas com os 1,5°C, financiamento sólido para países vulneráveis e um texto final com mecanismos de responsabilização verificáveis”, considera Américo Abreu Ferreira, presidente do Geota, que também diz não acreditar, olhando para reuniões anteriores, que seja uma COP de implementação.
Um bom resultado, acaba por dizer, seria “não andar para trás”.
Para Bianca Mattos, coordenadora de políticas da WWF Portugal, seria uma boa COP se dela saíssem reforçadas as contribuições de cada país para diminuir os GEE, um “pacote ambicioso” para travar a desflorestação e medidas para “acelerar uma transição energética justa”.
E o presidente da associação Zero, Francisco Ferreira, que também destaca as metas ambiciosas de redução de GEE, acrescenta outro ponto que faria da COP30 uma boa conferência: “Um roteiro claro” para a nova meta coletiva de financiamento que mobilize 1,3 biliões de dólares por ano, com pelo menos 300 mil milhões públicos.
Junta-lhe ainda “decisões que se traduzam rapidamente em cortes de emissões, adaptação e proteção da natureza nos territórios”.
Questionado sobre como surge a União Europeia (UE) neste processo, o dirigente da Zero diz que o bloco se tem atrasado e recuado no seu caminho de ambição climática.
“A UE continua a ser um ator relevante”, diz Bianca Mattos, que aponta como fator de fragilidade o facto de só esta semana terem sido apresentadas as metas de redução de GEE, que era suposto terem sido conhecidas em fevereiro.
O presidente do Geota aponta o “discurso de ambição” que a UE mantém, mas aponta também as práticas, “que mostram outra coisa”.
“Fala-se em transição verde, mas cresce a aposta numa agenda industrial e securitária, alicerçada na simplificação e na competitividade. Portugal segue a mesma lógica. O empenho existe, mas diluído e contraditório”, considera.
Um discurso crítico idêntico ao da presidente da Quercus, que pergunta o que mudou na agricultura com o Pacto Ecológico Europeu, que fala de metas revistas para pior.
Críticas à parte, todos os responsáveis ouvidos pela Lusa salientaram que a conferência que começa na segunda-feira é especial, desde logo por, pela primeira vez, se realizar num país de língua portuguesa.
Mas também porque marca os 10 anos após o Acordo de Paris sobre o clima, que estabeleceu os 2ºC como máximo de aquecimento global, e de preferência não ultrapassando os 1,5ºC, em relação à época pré-industrial.
Com as temperaturas a baterem recordes, com o limite de 1,5ºC a poder estar já atingido (segundo estimativas), com as emissões de GEE a aumentarem no mundo em vez de diminuírem, resta mais uma razão para a COP das próximas semanas ser especial: o simbolismo de se realizar na Amazónia, uma floresta cuja preservação é relevante no combate às alterações climáticas. E que também está ameaçada.











































