Investigadores da National University of Singapore (NUS) desenvolveram uma nova tecnologia de micro-agulhas dissolúveis que permite aplicar biofertilizantes diretamente nas plantas, em vez de os colocar no solo.
Em testes em estufa, culturas de folhas verdes cresceram mais depressa, tanto em peso, área das folhas e altura, usando cerca de 15% menos biofertilizante do que nos métodos tradicionais.
Os investigadores explicam que, normalmente, os biofertilizantes são aplicados no solo, onde parte significativa se perde devido à concorrência com outros microrganismos e às condições ambientais. No entanto, com esta nova abordagem, os microrganismos benéficos são introduzidos diretamente nas folhas ou caules, ultrapassando essas limitações e tornando a aplicação mais eficaz.
“Inspirámo-nos na forma como os microrganismos se deslocam no corpo humano e colocámos a hipótese de que, ao entregar microrganismos benéficos diretamente nos tecidos da planta, estes poderiam chegar às raízes e funcionar de forma muito mais eficaz”, explicou Andy Tay, professor assistente da NUS e líder do estudo.
As micro-agulhas são feitas de um polímero biodegradável e dissolvem-se em cerca de um minuto após a aplicação, libertando bactérias ou fungos benéficos sem causar danos relevantes à planta. Os testes mostraram que as plantas recuperam rapidamente e mantêm o seu funcionamento normal.
Os investigadores confirmaram ainda que os microrganismos se deslocam das folhas para as raízes, onde melhoram o microbioma e a eficiência na utilização de nutrientes. A tecnologia mostrou também bons resultados com fungos benéficos.
“Este trabalho é o primeiro a demonstrar que biofertilizantes associados às raízes podem ser entregues diretamente nas folhas ou caules para melhorar o crescimento”, acrescentou o investigador, enfatizando que, “com esta descoberta, introduzimos um novo conceito de ‘biofertilizante por microagulhas’, que ultrapassa desafios significativos da inoculação no solo”.
Publicado na revista Advanced Functional Materials, os cientistas apontaram várias aplicações práticas em agricultura urbana, explorações verticais e em culturas de elevado valor. No futuro, a equipa pretende testar a tecnologia noutras culturas e integrá-la com sistemas automatizados e robótica agrícola.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.














































