[Fonte: Rádio M24] A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, propôs hoje ao Governo a revogação da resolução que cria novas regras no Perímetro de Rega do Mira e alertou para o problema ambiental causado pela proliferação de estufas nesta região do litoral alentejano.
Catarina Martins, que falava aos jornalistas durante uma visita a uma área de estufas, na freguesia de São Teotónio, em Odemira, disse que esta situação “está a criar um problema social gigantesco” porque, no seu entender, “dizer que durante 10 anos é normal que milhares de trabalhadores vivam no Alentejo em contentores significa criar guetos gigantescos” com uma “fratura social nunca antes vista em Portugal”.
Além de alertar para o “atentado aos direitos humanos”, a coordenadora do bloco, criticou as alterações introduzidas nesta área agrícola.
“O grupo que sugeriu estas alterações não tinha ninguém que percebesse de imigração, de habitação e de direitos humanos. Aparentemente, sobre agricultura e ambiente também temos as nossas dúvidas e por isso propomos um estudo que permita o desenvolvimento da agricultura e da atividade económica de uma forma que respeite o ambiente”
Para a líder dos bloquistas, o estudo, deve ainda ter em conta “que os trabalhadores imigrantes sejam integrados nas comunidades que existem e os serviços públicos tenham a resposta necessária. É assim que o país se pode desenvolver e respeitar os direitos humanos ao mesmo tempo”.
Catarina Martins, que se fez acompanhar dos deputados bloquistas responsáveis pelas áreas do ambiente, habitação, agricultura e imigração e de elementos da concelhia de Odemira do Bloco de Esquerda, alertou ainda para as questões ambientais e de sustentabilidade na região devido ao “uso de pesticidas” e ao “consumo de água”.
Para a coordenadora, há “um descontrolo em pleno Parque Natural” que “não é aceitável e não pode continuar”, para além da questão dos direitos humanos em que não está a ser acautelada “de forma nenhuma” a integração “da mão-de-obra que chega ao Alentejo”.
No final da visita, Catarina Martins, lembrou que na assembleia municipal de Odemira, foi aprovada uma moção, pelo BE, PCP, PS e PSD, que “diz ao Governo que esta resolução não pode continuar e que este problema tem de ser visto de outra forma”.
“Se os partidos fossem consequentes no Parlamento, desde logo o PS, a resolução de Conselho de Ministros acabava já e começava-se de novo o que significa dar aos serviços públicos a necessária respostas, alojar a população imigrante de forma condigna e numa avaliação ambiental do que está a ser feito para que haja limites claros que respeitem a atividade económica e a necessidade de haver um planeta hoje mas também amanhã”, concluiu.
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