A nova iniciativa de venda de 86.900 litros de Vinho do Porto velho promovida pela Comissão Administrativa, que parece ter único propósito de criar liquidez, é novamente uma opção política que prejudica os interesses da Região Demarcada do Douro, ao ser feita sem o menor planeamento e, fundamentalmente, à revelia do Conselho Interprofissional do IVDP, I.P..
Não podemos esquecer que a venda total de Vinho do Porto, referente a 2017 foi de 76.038.877 litros, ou seja, 138.253 pipas e a venda anual de Vinhos tawnys velhos (com mais de 10 anos) é de 824.647 litros, 1.499 pipas. Por conseguinte, este Vinho do Porto velho que está para venda é, neste momento, desnecessário, já que os 86.900 Litros de vinhos tawnys velhos equivalem a 158 pipas e irão representar um excedente no mercado de 10,5%, já este ano.
O mais grave não é a venda gradativa do Vinho do Porto velho em stock na Casa do Douro mas sim fazê-lo sem qualquer transparência e planeamento a longo prazo garantindo que sejam acautelados todos os riscos da sua introdução no mercado.
Não é pelo fato de aparecerem interessados que se pode justificar a venda porque só se pode garantir a não desvalorização dos stocks existentes se tudo for feito com a devida observação dos volumes na posse do Comércio.
A Região discute, anualmente, o valor do benefício que é a quantidade de Vinho do Porto novo a ser introduzida no mercado. Por maioria de razão, deveria discutir também a introdução de Vinhos Velhos e muito velhos.
Há propostas que não devem sair da mesa, de entre elas, a obrigação do controlo da introdução de Vinho do Porto no mercado ser realizada através do Parecer do Conselho Interprofissional do IVDP, I.P. que, a cada momento, deverá fazer o ponto da situação e dar, ou não, permissão de modo a não desfazer o equilíbrio necessário. Essa seria uma fórmula saudável de regulação de mercado dos Vinhos do Porto Velhos da Região. Aliás, é nossa convicção que a venda deste Vinho do Porto Velho seja distribuída ao longo de, pelo menos, 15 anos.
Entretanto, deverá ser possível reduzir o stock mínimo exigível para a comercialização de Vinho do Porto de tal forma que o comércio a retalho de venda de vinhos velhos possa ser dinamizado.
Por último, repete-se a pergunta: Porque não se põe à venda o património imobiliário desnecessário e em decadência para pagar as dívidas mais prementes e que tem muitos interessados, Câmaras inclusive?