Temos os ingredientes de um potencial sistema de produção animal sustentável, que combina o melhor de diferentes sistemas produtivos, baseado em conhecimento e soluções portuguesas, e em que Portugal pode ser líder mundial.
A produção animal é tipicamente associada a elevados impactes negativos, nomeadamente ligados à emissão de gases com efeito e à alteração dos usos do solo (nomeadamente desflorestação). No entanto, a produção animal também tem associados diversos impactes positivos, como a disponibilização de alimentos de elevado valor nutricional, produzidos maioritariamente a partir de alimentos que não poderiam ter sido utilizados directamente para alimentação humana (como pastagens, forragens, sub-produtos das culturas agrícolas como a palha ou sub-produtos das indústrias agro-alimentares como o bagaço de soja ou de girassol).
A existência de informação contraditória não nos deve, no entanto, levar aos que os anglófonos chamam paralysis by analysis, a incapacidade de seguir em frente, exigindo sempre cada vez mais estudos e informação antes de decidir, um problema bem conhecido em Portugal, com casos paradigmáticos de dificuldade de descolagem das soluções face a estes bloqueios.
Vamos aqui considerar um caso concreto, a produção de bovinos de carne nas condições do interior e do sul de Portugal e vamos mostrar que é possível conceber uma forma “absolutamente sustentável” de o executar, sem partir de dicotomias simplistas a priori sobre o que é melhor ou pior: não vamos, por exemplo, assumir que “o que é natural é bom, o que é sintético é mau” ou que “a produção extensiva é boa, a produção intensiva é má”.
Comecemos então por um conjunto de critérios para o que poderá […]