Um estudo realizado pela Universidade de Castilla-La Mancha (UCLM), em Espanha, revelou que o calor pode afetar negativamente a qualidade dos ovócitos das ovelhas, comprometendo a sua capacidade reprodutiva.
A investigação, publicada na revista Scientific Reports do grupo Nature, avaliou, ao longo das quatro estações do ano, diversos parâmetros relacionados com a qualidade dos ovócitos e a sua capacidade para desenvolver embriões in vitro.
Os resultados mostraram que os ovócitos recolhidos durante o verão e o outono apresentavam uma capacidade significativamente menor para produzir embriões através da fecundação in vitro, quando comparados com os ovócitos das outras épocas do ano.
Para compreender os mecanismos subjacentes, os investigadores submeteram os ovócitos a um stress térmico in vitro, verificando que as altas temperaturas causam alterações nas mitocôndrias e no ADN dos ovócitos, o que reduz significativamente a produção embrionária.
Segundo os cientistas, estas conclusões são bastante relevantes para as zonas mediterrânicas, onde o aumento das temperaturas, devido às alterações climáticas, poderá afetar, de forma significativa, a viabilidade reprodutiva das ovelhas, colocando em risco a sustentabilidade da produção ovina nestas regiões.
De acordo com o estudo, impulsionada pelo crescimento nos países em desenvolvimento, a população mundial deverá atingir entre 8,5 e 9,7 mil milhões de pessoas até 2030 e 2050, respetivamente, exigindo, por conseguinte, um aumento de aproximadamente 70% na produção global de alimentos.
Deste modo, os investigadores avançam que a produção anual de carne, por exemplo, terá de crescer em mais de 200 milhões de toneladas. Particularmente na Europa, a prevalência de carne ovina deverá também aumentar, devido à diversificação das dietas e às alterações na estrutura populacional.
“Para responder a estas exigências e reduzir os impactos ambientais, serão necessários avanços na agricultura animal, através de biotecnologias reprodutivas, de modo a proporcionar um gado cada vez mais eficiente e produtivo, capaz de se adaptar às alterações climáticas e ao aquecimento global”, lê-se na análise.
Neste contexto, explicam os cientistas, a aplicação de tecnologias avançadas de reprodução assistida, como a produção in vitro de embriões, na indústria ovina é bastante promissora e oferece diversas vantagens.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.