Tecnologias de pecuária de precisão podem contribuir para o desenvolvimento de uma produção mais sustentável de alimentos e com maior produtividade, já que a demanda por alimentos cresce com o aumento populacional.
É possível produzir alimentos e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo. “Atualmente vivemos em uma época em que é preciso aumentar a produção agropecuária, há consumidores cada vez mais exigentes em relação à segurança alimentar e, ao mesmo tempo, a mão-de-obra no campo está cada vez mais escassa. Com o uso da pecuária de precisão, levando-se em conta a individualização dos animais e da propriedade, é possível otimizar o uso de recursos, minimizar impactos ambientais, ampliar a produtividade, sem aumentar uso de terras, e ainda assim ter lucros”, acredita o pesquisador Alberto Bernardi, especialista em pecuária de precisão, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos.
A digitalização no campo é uma tendência. As ferramentas tecnológicas e de pecuária de precisão são importantes para manter a competitividade do Brasil no mercado global. Os avanços estão relacionados à automação de máquinas, sensores, inteligência artificial, aprendizado de máquinas, aplicativos, entre outros, tornando a produção mais eficiente.
Nesse contexto digital é possível aferir o desempenho dos sistemas de produção, a partir de dados coletados em tempo real, do seu histórico, essenciais para o planejamento e gestão da propriedade rural, direcionando de forma mais assertiva o negócio. Porém, ainda há alguns desafios, como o custo elevado para implementação das tecnologias no campo, a pouca qualificação da mão-de-obra e a falta de conectividade nas propriedades rurais.
A pecuária de precisão voltada para a produção de bovinos também deve considerar as pastagens e suas interações com as condições climáticas e de solo. “Já existem tecnologias com base em imagens para estimar a produção de biomassa e a qualidade.
O objetivo deve ser melhorar a eficiência do uso de recursos, a produtividade, a qualidade, a rentabilidade e a sustentabilidade da produção pecuária”, fala o pesquisador.
As ferramentas de PP incluem sistemas automatizados de identificação animal, pesagem, consumo de alimentos e água, comportamento alimentar, frequência cardiorrespiratória, temperatura corporal, atividade e posição dos animais, entre outros.
Segundo Bernardi, existem muitas tecnologias disponíveis para melhorar a gestão no campo. Na pecuária tradicional, muitas vezes, são a experiência e as observações do produtor que indicam as necessidades de manejo, e as recomendações são feitas considerando grupos ou lotes de animais. Já na PP, as decisões são baseadas em dados medidos individualmente, como, por exemplo, peso do bovino ou litros de leite produzido, o que pode potencializar o desempenho de cada animal.
Várias tecnologias já estão disponíveis e podem ser utilizadas pelos produtores. É assim com a identificação eletrônica dos animais, que facilita o manejo do rebanho, permite acompanhar o histórico e garante a rastreabilidade das informações referentes àquele indivíduo para a tomada de decisão rápida e adequada sobre o manejo.
As balanças automáticas de passagem podem facilitar a pesagem dos bovinos e fornecer informações importantes para orientar as decisões de manejo relacionadas à nutrição, genética, saúde e meio ambiente. O peso é um indicador chave do desempenho individual. Além disso, pode ser um sinalizador do potencial de produção dos sistemas, crescimento, comportamento, saúde e auxiliar na seleção para melhoramento genético. Balanças automáticas permitem pesagens mais rápidas, sem intervenção humana direta e menos estressante para o rebanho, refletindo em bem-estar e manutenção da produtividade.
Para Bernardi, a pesquisa na área da pecuária de precisão tem contribuído para sistemas mais eficientes, rentáveis e sustentáveis, e essas são apenas algumas das diversas soluções que já estão disponíveis para produtores, sejam eles pequenos, médios ou grandes.
A aplicação da pecuária digital será tema de Dia de Campo, realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste e Rede ILPF no próximo dia 26 de maio, das 8h às 12 horas. O evento ocorre na sede do centro de pesquisa, localizado na Fazenda Canchim, em São Carlos (SP). Veja mais informações sobre o Dia de Campo aqui.
Artigo publicado originalmente em Embrapa.