O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) do Brasil realizou uma missão oficial ao Reino Unido para proceder à assinatura de um memorando de entendimento entre os dois países. O acordo visa promover a produção e utilização sustentável de fertilizantes e reforçar a cooperação científica e tecnológica no setor agrícola.
O acordo prevê iniciativas conjuntas em investigação, inovação e partilha de boas práticas para otimizar a gestão do azoto, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e proteger os solos.
Segundo o MAPA, o memorando também prepara o Brasil e o Reino Unido para apresentar resultados na 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que se realizará em novembro deste ano, em Belém, Brasil.
A assinatura do acordo de parceria acontece no contexto da criação do Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (CEFENP), no Brasil, lançado em 2025 no âmbito do Plano Nacional de Fertilizantes. O CEFENP tem como objetivo impulsionar a investigação, a inovação e a troca de conhecimento em nutrição de plantas, conectando instituições nacionais e internacionais para contribuir para a segurança alimentar e o uso sustentável de insumos agrícolas.
Durante uma reunião com o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (DEFRA), que integrou a agenda oficial de compromissos da comitiva brasileira em solo inglês, os representantes de ambos os países debateram temas como a regionalização para gripe aviária, a qualificação de ovos, laticínios e pescado, e o reconhecimento do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação.
O governo britânico manifestou ainda disposição para acelerar a análise de dossiês sanitários, enquanto a delegação brasileira destacou a robustez dos seus sistemas de controlo e defendeu que a aquicultura seja avaliada separadamente da pesca extrativa.
A agenda incluiu também compromissos académicos e científicos. Na Universidade de Oxford, a comitiva do Brasil apresentou propostas ligadas ao CEFENP e discutiu tecnologias focadas na nutrição de plantas, como a produção de amoníaco verde e processos bioquímicos para aumentar a eficiência do uso de nutrientes.
No Rothamsted Research, os representantes visitaram campos experimentais em atividade desde 1843 e arquivos históricos de solos e plantas, reforçando a importância de parcerias de longo prazo.
O Reino Unido trata-se de um dos principais parceiros do Brasil na Europa. Em 2024, as importações britânicas de produtos agropecuários brasileiros totalizaram 1,8 mil milhões de dólares, com destaque para carne, produtos florestais, soja e café. Nesse mesmo ano, oito novos produtos brasileiros foram aprovados para o mercado britânico, incluindo feno processado, polpa cítrica desidratada, farinha de mandioca, erva-mate processada, flores secas de cravinho, fibra de coco, milho DDG e nozes de macadâmia.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.