Os lobos voltaram a atacar no Planalto Mirandês causando a morte a um bezerro recém-nascido, em Duas Igrejas, no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, disse hoje à Lusa o proprietário.
“O ataque deu-se no início da manhã de sábado e fui alertado pelos cães que me acompanhavam quando ia ver os animais. Segui-os, quando me dei com o bezerro já com partes comidas pelos lobos”, relatou Eduardo Martins.
Este produtor pecuário disse que se dedica à criação de bovinos de raça ‘Limousine’, animais que têm valor significativo no mercado, tendo na sua exploração 160 animais que pastoreiam no Parque Natural de Douro Internacional (PNDI).
“Esta animal nem por mil euros o vendia. Para além do valor, há outras coisas como o apego à raça destes animais e tudo o que vem a seguir, em relação a mãe do vitelo, que é precioso cuidar”, vincou.
O produtor queixou-se ainda que “não vai receber nada pela morte do animal, porque ainda não tem um mês de vida”, disse.
“Aos dois meses de idade, estes animais valem entre 2.000 a 2.500 euros, é o preço a que os estou a vender”, destacou.
Eduardo Martins não tem dúvidas que este ataque foi efetuado por pelo menos dois lobos, devido às marcas deixadas no terreno.
No início da semana passada, o ICNF revelava que no período de 25 de julho a 02 de outubro foram registados 22 ataques de lobos no Planalto Mirandês que afetaram 113 animais e mataram 83, na sua maioria ovinos.
“Nestes incidentes, alguns ainda em fase de confirmação quanto à sua atribuição ao lobo, foram afetados 113 animais, sendo a grande maioria (107) ovinos. No total, morreram 83 animais”, especificou na altura o organismo ligado à conservação da natureza.
De acordo com o ICNF, “todos os prejuízos causados por lobos são compensados sempre que se confirme, através de perícia, que o dano é efetivamente atribuível à espécie”.
Segundo o ICNF, o lobo ibérico possui em Portugal o estatuto de espécie em perigo, que lhe confere o Estatuto de Espécie Protegida.
Um grupo de pastores do Planalto Mirandês já se queixou que os ataques de lobos ocorridos desde o início do ano são “uma calamidade“ e pedem a atuação do Governo para ajudar a solucionar este problema que causa “avultados prejuízos”.
Na quarta-feira, o Governo aprovou a revisão do regime da proteção do lobo ibérico, atualizando as regras de pagamento de indemnizações aos produtores pecuários por danos causados por ataques, anunciava o ministro da Presidência.
“Atualizámos e alterámos as regras de pagamento de indemnização aos produtores pecuários que são afetados e que são aqueles que acabam por estar na linha de frente de suportar uma decisão coletiva, que é proteger ou respeitar a proteção deste animal raro, que é o lobo ibérico”, afirmava António Leitão Amaro.
De acordo com o governante, em algumas zonas do país, como na região de Trás-os-Montes, “têm crescido os ataques de lobo ibérico” a animais de explorações e produções pecuárias.











































