As florestas portuguesas não são tão naturais quanto seria desejável: a plantação de espécies longínquas e invasoras põe em risco de extinção várias árvores nativas da região — e a falta de ação humana está a agravar o problema
A Europa tem 454 espécies de árvores nativas, e a Península Ibérica, à semelhança das outras regiões mediterrâneas do Continente, dá um grande contributo para essa biodiversidade: o sobreiro e a azinheira a sul de Portugal; o carvalho-alvarinho no centro; o freixo, o salgueiro, o amieiro ou a aveleira em ecossistemas ribeirinhos do norte, por exemplo. Todas são espécies típicas do território português, mas isso não significa que estejam, efetivamente, “a dominar o território”: “O que se tem passado ao longo de séculos é a alteração artificial da cobertura arbórea das regiões através de plantações que alteram a sua prevalência natural”, explica Milene Matos, especialista em biologia.
A insistência em apostar em árvores não típicas da região é nociva para a flora europeia e nacional: as espécies invasoras e problemáticas são a principal ameaça à existência de mais de 60 espécies de árvores na Europa, segundo o relatório “European Red List of Trees”, do International Union for Conservation of Nature (IUCN). Seguem-se o abandono do território (cerca de 50 espécies), a desflorestação (mais de 40), as alterações climáticas e o desenvolvimento urbano (mais de 20), e os incêndios, que atualmente põem em risco a sobrevivência de menos de 20 espécies europeias. […]