Associação de Beneficiários dos Planos de Rega das Baixas de Óbidos elaboram um comunicado sobre a situação de regadio de Óbidos .
A Agricultura foi durante muitos anos uma actividade marginalizada, conseguiu contudo resistir a políticas destrutivas por parte de alguns governos, ainda assim, o empresário agrícola conseguiu, fruto do seu trabalho, esforço e resiliência resistir e manter-se activo.
Acreditamos que a Agricultura seja uma das ferramentas mais importantes para alavancar a nossa economia. A utilização de todo o sistema de rega é uma enorme mais valia para o desenvolvimento agrícola Local/Regional.
Influênciado a Noroeste pelo sistema montanhoso da Serra D´Aires e Candeeiros e a Oeste por influência Atlântica, o concelho de Óbidos assente no maior Vale Tifónico Português beneficia de um microclima de excelência para a produção de produtos agrícolas. Frutas, hortícolas, vinho e mel, são alguns dos exemplos do que de melhor se produz neste concelho.
Apenas 58,92% das explorações agrícolas têm disponibilidade de água de rega, e sendo que, em muitos casos a água é de má qualidade, contendo sais, bicarbonatos, ferro, etc… tornando-se deste modo limitante para uma produção competitiva.
O projeto regadio de Óbidos, dado o potencial do concelho de Óbidos e da Região, vem tornar possíveis condições de competitividade, crescimento económico, empregabilidade e sustentabilidade para centenas de famílias, direta e indiretamente, este projeto de 28 M€, contempla uma área de 1200 ha e cerca de 900 beneficiários.
Com todo o potencial edáfo-climático que a região possui para a agricultura, o projeto regadio de Óbidos concluído é; “a cereja no topo do bolo”. Estamo-nos não só a referir na possibilidade de a montante e nos meses de maior pluviometria (Dezembro a Abril) evitar desta forma que os terrenos a jusante sofram com inundações de invernos mais rigorosos, mas também a criar condições para que nos meses estivais (Maio a Novembro) tenhamos disponível água de qualidade superior, permitindo-nos a conversão de sequeiros em bons regadios, possibilitando inclusivé que se possam realizar duas a três culturas por ano agrícola, tornando-nos mais competitivos contra os nossos concorrentes em produtos hortofrutícolas. Não esquecendo que de forma indireta a possibilidade de reduzir os pousios/terrenos incultos, possibilita minimizar riscos de incêndio ao reduzir carga combustível, fator também bastante importante face aos recentes acontecimentos com os incêndios.
O REGADIO de ÓBIDOS encontra-se nos concelhos de Óbidos e Bombarral.
Considerada uma obra de nível 2, foi dimensionado em 4 fases: a primeira, a Barragem, é considerada uma Barragem de aterro pela sua execução, constituída pela estrutura em betão armado que serve para o aprovisionamento de água durante o inverno para os períodos em que haja necessidade de irrigar, a segunda fase que se encontra em fase final, a Estação Elevatória, servirá para dar mais um aporte à pressão que já sai naturalmente da albufeira, pressão essa necessária para que nos hidrantes a água saia a pressão constante de cerca de 5 Kg/cm2. A terceira fase encontra-se já em avançado desenvolvimento de obra e designa-se por Rede de Rega Bloco de Óbidos, esta fase compreende a abertura de valas, colocação de tubagens, cabos elétricos e hidrantes por forma a que os beneficiários possam regar a partir destes. O Bloco de Óbidos compreende uma área de cerca de 750 ha.
Por último o Bloco da Amoreira terá início previsto para Abril/Maio de 2018 e tem aproximadamente 450 ha.
Uma nota histórica bastante resumida do desafio que foi e continua a ser o Regadio de Óbidos.
É ainda na década de 70, mais propriamente no ano de 1976 que surge o sonho de implementar o que era já identificado como uma necessidade para a Região Oeste no geral e em Óbidos em particular. Período extremamente difícil, de sensibilização porta a porta para a necessidade da infraestrutura. Em 1977 inicia-se a fase de projeto com a empresa HIDROPROJETO. Na Década de 80 são desenvolvidos estudos prévios, tem início a fase de elaboração de projectos referentes ao Aproveitamento Hidro-Agricola das Baixas de Óbidos. A necessidade, bem como a prioridade de concretização no terreno foi corporizada em 1992, no âmbito do PDAR (Plano de desenvolvimento Agrário Regional de Caldas da Rainha). Este plano contemplava já à sua data, toda a potencialidade da Região de Caldas, Óbidos, Bombarral, Alcobaça, Nazaré e Peniche e já neste PDAR era referida a importância do REGADIO para o incremento do potencial da Região, com uma área total de 1570 hectares. O PDAR (instrumento de planeamento agrário e de desenvolvimento rural) foi institucionalizado por despachos conjuntos dos Ministérios da Agricultura Pescas e Alimentação e do Ministério do Planeamento e da Administração do Território. Em 1995 é efectuado o estudo prévio (Emparcelamento), projecto em execução e estudo de Impacto Ambiental. A 17/10/1997 é constituida a “Associação de Beneficiários do Plano de Rega das Baixas de Óbidos”, entidade que visa responder aos desafios futuros bem como mediar relações entre Estado e possiveis beneficiários. Entre os anos 2000 e 2003 ocorrem as obras da Barragem, que é concluida e inaugurada em 2005. Só em outubro de 2014 é pedido a abertura de procedimento concursal referente à estação elevatória, seria autorizada a despesa e o início do procedimento pela Ministra da Agricultura em dezembro do mesmo ano. Em 2015, é dada autorização por parte da Sra Ministra da Agricultura para a adjudicação da Estação Elevatória bem como, também autorizado o pedido de procedimento concursal referente ao Bloco de Óbidos. Após resolução do conselho de ministros é aprovada a despesa e adjudicada a Rede de Rega Bloco de Óbidos em outubro de 2016, a assinatura do contrato acontece em dezembro do próprio ano. Preve-se a conclusão da Estação Elevatoria em Março de 2018, a Rede de Rega do Bloco de Óbidos em finais de 2018 e a Rede de Rega Bloco de Amoreira em 2019.
A Associação de Beneficiários dos Planos de Rega das Baixas de Óbidos, aproveita para agradecer todo o apoio durante este processo à Camara Municipal de Óbidos, aos técnicos da DGADR, ao Ministério da Agricultura, e a todos os que de uma forma ou de outra contribuiram para que a obra deixasse de ser um sonho e se tornasse a realidade actual pela forma como identificaram, apesar da escassez de verba a necessidade deste investimento. Muito obrigado, bem hajam.