Há um debate intenso – e que vai fazer história – em torno da Água e da falta dela, com a sua utilização ou não utilização prática, com as secas e as alterações climáticas É um debate histórico em que o nosso futuro individual e colectivo é já hoje.
São entretanto reconhecidas algumas “coisas” que quase parecem óbvias:
– O corpo humano é composto (integra) por 60% de Água em média, do peso corporal de um adulto, embora essa composição varie ao longo de uma vida humana. Mas pronto, somos “muita água” no corpo e sem muita água no corpo acabamo-nos…
– – Ao mesmo tempo, a Natureza montou o chamado “Ciclo da Água” que é um mecanismo natural extraordinário. Se a Terra não tivesse construído o “ciclo da água”, nós estaríamos na Lua ou, com mais mais rigor, nós não estaríamos em lado algum, simplesmente. “Matar” o “ciclo da água” é cometer suicídio colectivo…
– Ao longo dos tempos, sempre houve “alterações climáticas” bruscas e menos bruscas. Porém, nas últimas décadas, a intervenção de origem humana está a provocar grandes acelerações – mudanças – nos sistemas naturais “autorreguláveis” que não “conseguem” acompanhar o ritmo. E a situação tende para se agravar. Então, está mais do que na hora de, também neste âmbito, se evitar a catástrofe e a tragédia decorrentes.
A Água também é um bem escasso que se deve manter no domínio público.
A Água, e sobretudo a Água “doce”, é um bem cada vez mais escasso. A Humanidade corre, já em “competição” com a Natureza e mesmo entre Regiões e Países – entre a própria Humanidade – para explorar, armazenar e utilizar as águas disponíveis.
E, neste contexto, o mais preocupante é que também assistimos às tentativas – tentativas civilizacionalmente perigosas – da parte de alguns, poucos, em se apossarem dos recursos hídricos para fazerem negócios muito lucrativos! Ora, a Água, os recursos hídricos, não podem ser transformados em meras mercadorias, num negócio entre quem “vende e quem compra”, entre quem tenha o poder económico, logo institucional, e quem os não tem, entre a escassa minoria dos “mais fortes” e protegidos e a esmagadora maioria que são os “mais “fracos” e desprotegidos. E é aqui que a Água deve manter a sua categoria mais nobre em ser um “bem público”, a regular pelos Órgãos de Soberania e pelos Povos por forma a assegurar o “acesso-acessível” – democrático – à Água, vamos assim enfatizar o princípio. De outra forma, a situação “só” pode agravar-se e será a guerra entre Povos e Populações. Portanto, muita atenção!
No contexto conhecido, também não podemos deixar a Água correr “tranquilamente” para o Mar…. Precisamos de a “segurar” e guardar, sem dúvida. Dessalinizar a Água do Mar só em último recurso ou “só” muito mais para a frente do tempo que, agora, é um processo muito caro e localizado no litoral…
A Humanidade fez-se a faz-se a beber e a comer!
“Só” depois ou na sua sequência natural ou mesmo daquelas dependentes, é que vêm as outras e magníficas pulsões e vivências desta Vida, reprodução incluída.
Daí que beber seja a primeira função da Água (doce) a assegurar e a gerir com conta, peso e medida “temperados” com muita sabedoria.
A seguir, há-que assumir e para todos os efeitos que é justo e indispensável utilizar Água para produzir Alimentos, o que representa outra função eminentemente social – diz-se até que “nós somos o que comemos”… E “só” depois vem a função económica, à primeira subordinada. Aqui, a grande questão a definir e a concretizar para cada situação, é a “dose” em que isso deva ser feito…
Então, é de facto capciosa e merece repúdio individual e civilizacional a “teoria” – tende para justificar o fim da Água como “bem público” – que surge em sectores deste sistema e segundo a qual a gestão e o consumo de Água devem obedecer ao princípio do “consumidor-pagador”. Ou seja, quem não pode pagar a Água não a consome…
Produzir Alimentos – bons e acessíveis Alimentos – também deve ser consagrado como “serviço público” e, por isso, deve merecer mais e melhores apoios públicos. E se há quem não queira um tal princípio que experimente (tentar) “morrer à fome”… Ah! E diz quem sabe, mesmo sem ter experimentado (…), que morrer à Sede custa ainda mais que morrer à fome. Não queiramos pois alguma vez “ser obrigados” a experimentar…
Sim, é tempo de “atacar” a origem dos males que nos assustam e ainda antes que estes nos afectem, mais “a doer”, o corpo e a vida!!
Cidadão rural em região que tende para a desertificação humana e ambiental