Um novo estudo da Universidade de Flinders, na Austrália, conduzido em pomares de maçã nos Adelaide Hills, concluiu que as diferenças entre sistemas de agricultura orgânica e métodos convencionais são muito menores do que o esperado.
“Este estudo desafia a ideia de que as diferenças entre os métodos convencionais e os orgânicos de produção em pomares de maçãs são relevantes na saúde do solo, já que encontrámos uma elevada semelhança em indicadores-chave”, afirmou Kate Matthews, da Universidade de Flinders e autora principal do estudo
Embora várias investigações anteriores tenham mostrado que a agricultura orgânica pode aumentar a biodiversidade do solo, os resultados agora obtidos não confirmam essa tendência.
O estudo, realizado em 2023, analisou os solos de pomares orgânicos e convencionais e comparou-os com áreas de vegetação nativa próximas.
“Curiosamente, a biologia do solo nos locais orgânicos apresentou maior semelhança com os pomares convencionais do que com as áreas de vegetação nativa”, explicou a investigadora.
Apesar das diferenças esperadas, como o uso de pesticidas sintéticos, os pomares orgânicos e convencionais partilhavam muitas práticas semelhantes, concluiu a cientista.
“Encontrámos muitas semelhanças nas práticas de gestão entre os pomares orgânicos e convencionais, com vários produtores convencionais a adotar métodos normalmente associados à agricultura orgânica ou regenerativa, como o uso de adubos verdes e a aplicação de cobertura morta (mulching)”, afirmou Matthews, sublinhando que “isso pode explicar porque não detetámos diferenças significativas nos principais indicadores de saúde do solo entre os dois tipos de gestão”.
A análise físico-química e microbiana dos solos mostrou que tanto os pomares convencionais como os orgânicos apresentavam comunidades microbianas distintas das áreas de ecossistema nativo, indicando que a própria atividade agrícola tem um impacto profundo no equilíbrio natural do solo.
As diferenças entre pomares orgânicos e convencionais foram inconsistentes, sugerindo que a variabilidade decorre mais das práticas específicas de cada exploração do que do tipo de certificação agrícola.
O estudo reforçou ainda a importância de repensar as estratégias de sustentabilidade agrícola, defendendo uma intensificação ecológica baseada em práticas específicas e mensuráveis, em vez de classificações genéricas como “orgânico” ou “convencional”.
Segundo os autores, compreender o efeito de práticas individuais sobre a biologia do solo poderá ajudar produtores a adotar métodos mais eficazes de regeneração e conservação ambiental, promovendo uma agricultura realmente sustentável e adaptada a cada contexto local.
O estudo “Comparing apples and apples: evaluating the impact of conventional and organic management on the soil microbial communities of apple orchards” foi publicado na revista Applied Soil Ecology.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.












































