Onde estão os jovens interessados em agricultura? Muitos preparam-se para tentar ganhar 100 milhões de euros numa corrida em que o objectivo é usar tractores gigantes para mover fardos de feno mais rapidamente que os adversários. Nunca ter visto um tractor ao perto não é problema: a acção passa-se toda atrás de um ecrã.
O Farming Simulator é o mais recente videojogo a ganhar fama entre os jogos electrónicos de alta competição (um fenómeno melhor conhecido por esports), com um torneio com 250 mil euros em prémios a ser organizado pela criadora, a Giants Software. Contrariamente a outras modalidades de esports – como o jogo de tiro CounterStrike – o objectivo do Farming Simulator não é lutar pela sobrevivência. Em vez disso, está-se a gerir uma quinta virtual ao cultivar terrenos e organizar colheitas. Alguns utilizadores podem optar pela criação de galinhas.
A fama lembra o fenómeno do Farmville, o jogo de simulação que se tornou viral entre utilizadores do Facebook há dez anos. Apesar de menos popular entre as massas, a versão mais recente do Farming Simulator vendeu um milhão de cópias em dez dias.
Para alguns agricultores, é a solução para a falta do interesse dos jovens na agricultura. Longe do ecrã, há poucos a olhar para uma vida no campo. Na União Europeia, apenas 6% dos agricultores têm menos de 35 anos. Grande parte (55%) está acima dos 55 anos.
Não é impossível. “Houve uma mãe que nos escreveu a dizer que o filho começou a jogar com 12 anos. Aos 20, tornou-se um agricultor mesmo sem os pais trabalharem na área”, disse ao PÚBLICO o responsável de relações públicas da Giants Software, Martin Rabl.
Perto de um quarto dos jogadores têm uma profissão na área. “São muito activos nos fóruns e dizem-nos quando fazemos algo mal”, admitiu Marc Schwegler, um dos artistas do jogo numa entrevista ao site de tecnologia Polygon há alguns anos. A maioria do público do Farming Simulator, porém, são crianças entre os 8 e os 15 anos. E depois? Schwegler responde: “Já não é fixe e só querem dar tiros em coisas”