A abóbora é actualmente cultivada em todo o Mundo. Em Portugal, é na região do Oeste que está concentrada a maioria da produção. Naquela área, produzem-se, em média, cerca de 44 mil toneladas de abóbora anualmente, com um valor de mercado aproximado à saída das centrais hortícolas de 10 milhões de euros.
Na Hortapronta, líder na produção, tratamento e distribuição de produtos hortícolas, com grande implantação no mercado nacional e internacional, a campanha da abóbora está a decorrer bem. «Apesar de na região Oeste, de um modo geral, as produtividades estarem mais baixas comparadas com o ano anterior, a qualidade é boa, estamos quase a terminar as colheitas e a armazenar as abóboras», partilha Humberto Bizarro. O técnico da Organização de Produtores acrescenta que se «estima obter cerca de 4.000 toneladas de abóbora, que está boa em termos de qualidade, com bons calibres e boa conformação».
A empresa de Atouguia da Baleia produz três tipologias de abóboras. «Os nossos produtores produzem a abóbora menina (Cucurbita maxima Duch), normalmente designada por abóbora comprida, trata-se de uma variedade tradicional, que normalmente os agricultores aproveitam as sementes dos melhores exemplares de uns anos para os outros; depois temos as abóboras híbridas, normalmente designadas por francesas, ou redondas (Curcubita maxima Duch. X Cucurbita moschata Duch), que são as mais procuradas em termos de exportação; e, por último, mas não menos importantes, temos a abóbora butternut, ou abóbora manteiga, que está a crescer em termos de consumo, cá e na Europa», explica o mesmo responsável.
No que toca aos problemas sanitários, o técnico refere que «existem sempre, e quando as áreas de uma determinada cultura aumentam, os problemas também crescem. Temos é de ser inteligentes na tentativa de produzir boas abóboras, ultrapassando os problemas que vão aparecendo».
Os preços estão idênticos aos praticados no ano anterior e a produção é escoada «muito para o mercado nacional, no retalho e na grande distribuição» e também exportam para «Espanha, França, Alemanha, Inglaterra e Polónia», conclui Humberto Bizarro.
Luta precoce para prevenir problemas fitossanitários
Para os lados da RibaHorta conclui-se a colheita e armazenamento butternut. «Já armazenámos toda a musquée. Este ano, também produzimos hokkaido, mais cedo, que correu bastante bem e foi toda vendida a bons preços», explica o engenheiro agrónomo da empresa de Ribafria que se situa em pleno vale do Rio de São Domingos, conhecido pelos terrenos férteis, pelos Invernos frescos e Verões amenos, reunindo as condições ideais para a horticultura.
Graças aos investimentos realizados no aumento da área produtiva, modernização dos equipamentos e nos melhores recursos humanos, a empresa desenvolveu a sua capacidade de produção e tornou-se uma referência no mercado.
Questionado em relação à quantidade estimada para esta campanha, o técnico Rui Santos refere que «não é um ano de muita produção. Houve plantações que correram melhor que outras. Nas musquée não há muita quantidade de calibres grandes (>10kg) . Por agora ainda não tenho números, mas teremos mais quantidade de butternut do que no ano passado, pois aumentámos a área de produção». Contudo, «todo o produto está com boa qualidade, especialmente a butternut».
A Ribahorta aposta em três variedades: musquée, butternut e hokkaido. Aqui, os problemas fitossanitários deram alguma «dor de cabeça» como explica Rui Santos: «Foi um ano muito complicado para se conseguir controlar as doenças. Algumas chuvas fora de época, muitas neblinas e nevoeiros matinais em que as abóboras ficavam muito tempo molhadas só secando a partir do meio do dia, fizeram com que houvesse de tudo, especialmente bactérias. Muitas vezes, vários problemas em simultâneo cuja identificação nem sempre era fácil. Os tratamentos começaram logo desde algumas semanas após a instalação da cultura para ir controlando a situação».
A empresa já iniciou a comercialização do produto e «por agora os preços estão baixos».
Aproximadamente 80% da produção é escoada para o mercado europeu, nomeadamente França e Inglaterra. O resto fica no mercado nacional. O porta-voz da empresa de Ribafria avança que na próxima campanha «é possível que se ensaie alguma nova variedade» e esperam «consolidar ou melhorar alguns aspectos relativos ao cultivo da hokkaido».
Calibres melhores face à campanha anterior
Fundada em Dezembro de 1992 por empresários locais da tradicional “Região Saloia”, muito conhecedores do mercado hortícola que fornece desde há séculos a zona da Grande Lisboa e com larga experiência neste sector de actividade primária, a Hortosintra dedica-se à produção e comercialização de variados produtos hortícolas, interagindo com os detentores da produção, alguns até com fortes e antigos laços familiares. Aqui, a comercialização tem vindo a sobrepor-se à produção, o que levou a empresa a estabelecer parcerias com dezenas de pequenos e médios agricultores da região de Sintra, prestando-lhes apoio técnico diário.
Rui Almeida, responsável pelo Apoio Técnico à Produção, também faz um balanço da actual campanha: «Em traços gerais, e comparativamente à campanha anterior, está a correr bem, quer em quantidade, quer em qualidade. Aliás, em termos de calibre, estão melhores que a campanha anterior».
No que concerne aos problemas fitossanitários, o técnico refere que naquela região estes se «prendem com o aparecimento de oídio e míldio e afídeos, sobretudo com o aumento da temperatura».
A empresa de São João das Lampas actualmente trabalha com «abóbora menina (comprida) e musquée de Provence», escoando a totalidade da produção exclusivamente no mercado nacional.
O mais recente projeto da Hortosintra foi a criação da sua loja online, onde o cliente pode comprar directamente diversos produtos hortícolas e ainda packs de cabazes de fruta e legumes, preparados de sopa e saladas.
*Por Aida Borges
O artigo foi publicado originalmente em Revista Frutas Legumes e Flores.
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