Num ano marcado pela pandemia e quebras nas vendas que ultrapassam os 20%, a Adega Cooperativa de Sabrosa quer conquistar novos mercados através de um novo vinho que homenageia as Filipinas e o navegador português Fernão Magalhães.
Na quarta-feira assinalam-se os 500 anos da chegada de Fernão Magalhães à cidade de Cebu, província das Filipinas, país situado no Sudeste da Ásia, no Pacífico Oeste, onde o navegador terá oferecido uma imagem que representa um menino Jesus e que ainda hoje é venerada e conhecida por “Santo Niño”. A oferta foi feita à rainha, aquando do seu batismo católico.
A imagem é considerada o “tesouro católico mais antigo das Filipinas” e inspirou o nome do novo vinho do Porto branco da Adega de Sabrosa, concelho do distrito de Vila Real que reclama ser o berço do navegador conhecido pela primeira viagem de circum-navegação.
“Por causa desta contingência da pandemia as vendas caíram e, por isso, temos que diversificar e procurar novos mercados”, afirmou Celeste Marques, responsável daquela cooperativa instalada na Região Demarcada do Douro.
O objetivo é conquistar novos mercados nas Filipinas e nas comunidades filipinas espalhadas pelo mundo. Só em Madrid, Espanha, há uma comunidade de cerca de um milhão de filipinos.
Neste ano marcado pela pandemia de covid-19, Celeste Marques apontou as dificuldades sentidas pela cooperativa, que possui à volta de 600 associados e uma produção média anual de dois milhões de litros, e referiu que as quebras nas vendas de vinho situam-se entre “os 20 a 25%”.
As dificuldades acentuam-se a cada confinamento que resulta no encerramento do canal Horeca (hotéis, restaurantes, cafés), importante cliente desta adega.
No início de 2020, o plano de internacionalização perspetivava atingir os 30% de vendas destinadas à exportação, um meta que não foi atingida por causa da pandemia, mantendo-se nos 15%.
Natércia Veiga, do departamento de Qualidade e Internacional da adega, referiu que as vendas se mantêm para países como a Suíça, França, Canadá, no entanto, para o Brasil “são, neste momento, nulas”. Para o Brasil, a cooperativa duriense “estava a exportar com algum volume” antes da covid-19.
Para dar “a volta à crise”, a cooperativa detentora da marca de vinhos “Fernão de Magalhães” criou uma loja de vinhos ‘online’, entrou numa cadeia espanhola de grandes armazéns e num hipermercado, com um vinho regional, pretende avançar com uma campanha de marketing e vai lançar o novo vinho.
“Temos que dar a volta e o Magalhães é uma inspiração para nós. A sua força, coragem e resiliência são um incentivo e, por isso, não baixamos os braços”, salientou Celeste Marques.
A responsável explicou que o novo vinho é, precisamente, uma “homenagem ao povo filipino e ao navegador português”.
O rótulo da garrafa baseou-se na imagem que está na igreja matriz de Sabrosa, oferecida pelo ‘mayor’ de Cebu e da comunidade filipina de Madrid, aquando do encontro mundial da Rede de Cidades Magalhânicas que decorreu em 2014.
O “Santo Niño” recebeu uma coroação canónica pelo Papa Paulo VI em 1965. Após a morte de Fernão Magalhães em 1521 a pequena imagem esteve desaparecida e foi redescoberta em 1565 num local onde foi construído um santuário.
A viagem de circum-navegação, sob bandeira de Espanha, foi iniciada em 1519 e terminou em 1522, já sob o comando de Juan Elcano, porque o navegador português foi morto por autóctones na ilha de Cebu.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.885 pessoas dos 823.494 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.